MPT entrou com uma ação civil pública contra o empresário Saul Klein após investigações de tráfico sexual
Depois das denúncias de tráfico de pessoas, estupro e favorecimento à prostituição contra o empresário paulista Saul Klein, de 68 anos, filho do fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, as autoridades investigaram mais a fundo as denúncias contra o empresário e indicaram que ele é suspeito de realizar tráfico de pessoas para produzir tarefas sexuais.
Logo após as informações em relação ao caso do empresário, o Ministério Público do Trabalho (MPT), em São Paulo, entrou com uma ação civil pública contra o Klein nessa última terça-feira, 18.
Levando em conta o valor do patrimônio do empresário paulista, o MPT solicita que Klein pague uma indenização de R$80 milhões por danos morais coletivos.
Segundo informações do G1, o órgão declarou que "o desprezo do réu pela dignidade das mulheres, sua autonomia, liberdade e saúde sexual viola o pacto social e normativo de respeito à condição humana".
Além disso, eles afirmam ser "necessário uma medida contundente de contenção e reparação por todas as práticas repugnantes aqui narradas, sob pena de o Poder Judiciário ser conivente com uma sociedade de mulheres abjetas, negociáveis e mercantilizadas”.
Alan Richard de Carvalho, advogado representando Klein durante o processo, contou ao G1 que não recebeu nenhum documento oficial do MPT e que soube da ação civil pública contra o seu cliente através de jornalistas.
“Informa que, até o presente momento, não recebeu qualquer tipo de notificação ou citação sobre a ação pública e não tem conhecimento do teor da referida ação, de modo que se mostra impossível apresentar um posicionamento sobre o tema”, informou Richard no comunicado oficial sobre o caso de Klein.
O advogado finaliza o comunicado declarando que “com relação às questões trabalhistas, nas 7 reclamações trabalhistas em que objetivam sua condenação pela prática de atos ilícitos, 5 foram julgadas totalmente improcedentes e 2 ainda estão pendentes de julgamento. Por fim, destaca a existência de processos em que restou demonstrado, não só, o fato do Sr. Saul Klein figurar como vítima de um esquema de extorsão, como também que os indivíduos responsáveis utilizaram de diversos meios ilícitos para atingirem seus objetivos, dentre eles a falsificação de documentos e assinatura imputada ao Sr. Saul Klein”.
De acordo com o MPT, as investigações contra o empresário começaram em 2020, após uma série de acusações realizadas.
O MPT contou que os alvos dos aliciamentos eram "jovens na faixa dos 18 anos e adolescentes com 16 ou 17 anos", com a vida social ou econômica frágil. Ainda segundo comunicado do órgão, as jovens eram encaminhadas para eventos em que tinham presença vip e após os eventos "eram inseridas no esquema criminoso que visava à exploração sexual".
Klein reunia as vítimas em um sítio em Boituva, no interior de São Paulo, onde eram mantidas sem liberdade e eram punidas caso não realizassem os "serviços sexuais" solicitados.
O procurador do Trabalho, Gustavo Accioly, que acompanha a ação ao lado das procuradoras Christiane Vieira Nogueira e Tatiana Leal Bivar Simonetti, falou sobre os relatos das jovens enquanto estavam no sítio.
Algumas vítimas relatam que ficavam mais de 24h trancadas num quarto com o réu, e eram dominadas sexualmente a qualquer hora do dia, mesmo enquanto dormiam, sem qualquer chance de resistência física ou moral”.