A durabilidade da tinta que cobria o artefato de mil anos de idade se devia ao ingrediente pouco usual
Na década de 90, foi encontrada no Peru uma tumba contendo o esqueleto de um integrante da elite do povo Sicán, que veio antes dos incas, habitando o território hoje correspondente ao peruano entre os séculos 9 e 14.
Um dos objetos adornando os restos mortais do prestigiado homem era uma curiosa máscara funerária feita de ouro. Ela era datada de mil anos antes, porém ainda mantinha sua coloração vermelha.
Um estudo recente publicado na revista científica Journal of Proteome Research revelou, para a surpresa dos especialistas, que o ingrediente responsável por essa durabilidade toda era sangue humano. As conclusões foram repercutidas pela Galileu na semana passada.
Através de métodos de radiação capazes de revelar os componentes da matéria, os pesquisadores descobriram cinabre (que é uma substância de pigmento vermelho composta de mercúrio e enxofre), proteínas presentes em ovos de aves e proteínas pertencentes ao sangue humano.
O caráter pegajoso do sangue foi ideal para garantir que o cinabre permanecesse aderido ao ouro da máscara durante mil anos, ainda conforme o veículo. Um detalhe relevante, todavia, é que o ingrediente não precisava sair de veias humanas, com o mesmo efeito podendo ser alcançado com o sangue de outros mamíferos.
Assim, os cientistas também especularam que esse uso teria algum significado ritualístico para o povo Sicán.