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Notícias / Arte

Mansão é palco de grafites que serão NFTs depois da demolição

O solar modernista fica próximo ao Jockey Club e já tem data prevista para ser derrubado

Luíza Feniar Migliosi Publicado em 19/08/2021, às 14h09

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Mansão é preenchida com arte antes de ser demolida - Divulgação/Vídeo
Mansão é preenchida com arte antes de ser demolida - Divulgação/Vídeo

Os artistas contemporâneos já estão se adaptando para criar suas obras pensando que serão destruídas em um curto período para que as imagens em NFTs sejam os únicos registros.

Se parecia inimaginável que uma gravura de Pablo Picasso fosse queimada para existir apenas no virtual ou que as obras digitais já ocupassem posições entre as artes mais caras do mundo, agora essa realidade já ocupa grande importância em 2021, segundo o jornal Folha de São Paulo.

O projeto, que recebeu o nome de Casa NFT, preenche um solar modernista no Jardim Guedala, próximo ao Jockey Club de São Paulo, com grafites e pixos de mais de 70 artistas em suas paredes, na piscina vazia e no antigo salão de festas que memoriza a vida da antiga elite paulistana.

Piscina da mansão | Crédito: Divulgação/Vídeo

A mansão deve ser demolida na próxima segunda-feira, 23, para se tornar um condomínio de casas. O empresário Alexandre Travassos, que idealizou o projeto junto com Rodrigo Loli, relatou à Folha de São Paulo que a ocupação foi negociada diretamente com o dono da construtora Gamboa, que exigiu como únicas imposições não perturbar os vizinhos e não destruir as árvores do espaço.

Além da alta recente na comercialização das obras digitais por meio das NFTs, a inspiração foi o quadro do artista Banksy, que se autodestruiu logo após ter sido leiloado por US$ 1,37 milhão.

Dentre os nomes da street art, estão Binho Ribeiro, EDMX (Henrique Montanari) e Filite, que propuseram obras que interagem com as texturas e arquitetura original da casa. “Pintar uma parede branca é possível em qualquer lugar. O interessante, aqui, é que os artistas começaram a achar os locais, nós andamos com eles e pensamos onde estariam essas obras”, diz Travassos. As obras apresentam sua originalidade em meio ao local que ocupam.

Interior da mansão | Crédito: Divulgação/Vídeo

A mansão não é aberta para visitações, mas algumas obras estão expostas na parte exterior da casa. Inclusive, o teto foi pintado com a palavra “Negro” pelo artista MIA, que também fez uma intervenção no Pateo do Collegio, em São Paulo, com a frase “Olhai por nóis”.

A ideia do projeto é que todas as obras sejam vendidas como NFT – um certificado digital que simboliza um tipo de contrato -, sendo que mais de 80% já estão documentadas. Os sócios pensam em vender as obras digitais atreladas a impressões em alta resolução ou exclusivamente para reprodução em uma tela digital.

"Com o projeto, a gente entra no cerne da discussão sobre como o NFT pode ajudar a arte, que é organizar a relação do direito autoral", afirma Travassos à Folha. "Eu posso registrar que essa obra foi feita, como e por quem", acrescentou.

Apesar da construtora já planejar a demolição, Alexandre e Rodrigo esperam que o começo da destruição seja feito pelos próprios artistas, além de guardarem um pedaço das paredes para ter um registro físico dos trabalhos e da memoria do casarão. O processo feito até o momento foi registrado para se tornar um documentário. Além disso, Travassos afirmou que já tem planos para outra Casa NFT, em parceria com construtoras.