Réus que foram condenados tentam revisão criminal e alegam ter confessado o crime, que ocorreu em 1992, sob tortura
Na próxima quinta-feira, 1º de dezembro, a Justiça do Paraná (TJPR) realizará o julgamento do pedido de revisão criminal em favor de Beatriz Abagge, condenada pelo assassinato de Evandro Caetano, em 1992.
O pedido foi realizado após virem à tona provas de tortura contra os acusados e de subtração do direito de defesa, que motivou o pedido de desconstituição das condenações contra ela e outros dois condenados no mesmo caso, Davi dos SantosSoares e Osvaldo Marcineiro. As informações são do Bem Paraná.
🚨ATUALIZAÇÃO CASO EVANDRO
— Ivan Mizanzuk (@mizanzuk) November 30, 2022
Está marcado para amanhã o julgamento da Revisão Criminal do Caso Evandro. Quem quiser, poderá assistir ao vivo. Postarei o link nessa thread.
É um importante avanço nesse processo que está se arrastando há tanto tempo – mas há alguns alertas.
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No pedido de revisão criminal, que foi apresentado no final do ano passado ao TJPR pelos advogados de defesa, é solicitada a desconstituição das condenações e dos processos, uma vez que, segundo o escritório Figueiredo Basto Advocacia, o Estado suprimiu provas fundamentais para a defesa dos réus, impedindo que eles provassem as alegações de tortura.
No entanto, o Ministério Público já se manifestou alegando não haver como comprovar a autenticidade das fitas que revelam as torturas. Vale lembrar que, no começo do ano, o Governo do Paraná pediu perdão a Beatriz Abagge.
A carta foi assinada pelo secretário estadual de Justiça, Trabalho e Família, Ney Leprevost.
"Expresso meu veemente repúdio ao uso da máquina estatal para prática de qualquer tipo violência, e neste caso em especial contra o ser humano para obtenção de confissões, e diante disto é que peço, em nome do Estado do Paraná, perdão pelas sevícias indesculpáveis cometidas no passado contra a senhora”, escreveu ele.
Em 1992, Evandro Caetano foi assassinado aos seis anos, no município de Guaratuba. A vítima foi encontrada morta e com mutilações no corpo. O caso ocorreu em uma época em que diversas crianças haviam desaparecido no Paraná, fato que gerou um ambiente de pânico social e pressão política.
A Polícia Civil, com o Grupo Águia da Polícia Militar do Paraná (PMPR), iniciaram uma investigação paralela que levou Beatriz Abagge, Celina Abagge e outras cinco pessoas a serem apontados como “bruxos de Guaratuba”, após acusações de um “ritual de sacrifício” contra o menino. Todavia, os desdobramentos do caso, analisados no podcast de Ivan Mizanzuk, mostram o oposto do que foi validado pela Justiça na época.