Parastoo Ahmadi exibiu cabelos soltos enquanto se apresentava ao lado de quatro músicos em performance que já possui mais de milhões de visualizações
A cantora iraniana Parastoo Ahmadi, juntamente com dois integrantes de sua banda, foi presa após realizar uma apresentação ao vivo no YouTube sem usar hijab. O incidente ocorreu na província de Mazandaran, no norte do Irã, e a prisão se deu no sábado, 14, três dias após a transmissão da performance.
+ Irã aprova nova lei que intensifica controle sobre vestimenta
De acordo com o advogado de Ahmadi, Milad Panahipour, a artista foi liberada um dia depois de ser interrogada. A justiça iraniana declarou que medidas adequadas seriam tomadas contra Parastoo e sua equipe de produção.
A apresentação foi realizada na quarta-feira passada e transmitida em seu canal do YouTube, plataforma que é bloqueada no Irã, mas acessível através de software para contornar o firewall. Vestindo um vestido preto sem mangas e um colar em forma de mapa do Irã, Parastoo exibiu os cabelos soltos enquanto se apresentava ao lado de quatro músicos.
O vídeo da performance acumulou quase 2 milhões de visualizações, onde a artista interpretou canções folclóricas durante 27 minutos. Ela descreveu o evento como um "concerto imaginário", convidando seus espectadores a "imaginar esta bela pátria" que é o Irã.
No texto que acompanhou a transmissão, Parastoo expressou: "Sou Parastoo, uma garota que deseja cantar para as pessoas que amo. Este é um direito que não posso ignorar, cantar apaixonadamente pela terra que amo." Ela também agradeceu aos apoiadores em tempos difíceis.
A apresentação foi realizada em um local não revelado dentro de um caravanserai, uma antiga pousada construída ao longo da Rota da Seda para atender viajantes.
O advogado da cantora afirmou que ainda não tinha conhecimento sobre as acusações específicas ou a agência responsável pela prisão. O Judiciário informou que Parastoo foi liberada no domingo após uma "sessão de orientação".
A polícia da região de Mazandaran declarou que Parastoo participou de uma sessão de esclarecimento após a publicação do vídeo considerado contrário às normas e valores culturais. Ela foi convocada a comparecer perante autoridades judiciais.
A organização norueguesa Hengaw para os Direitos Humanos relatou que dois dos músicos acompanhantes, Sohail Faghih-Nassiri e Ehsan Beyraghdar, também foram detidos durante a operação policial.
Desde a Revolução Islâmica em 1979, o Irã implementa leis rigorosas que proíbem o canto solo por mulheres e exigem o uso de véus em público. Nos últimos anos, diversas mulheres têm desafiado essas restrições ao aparecer sem véus em locais públicos como forma de protesto.