Aos 88 anos, Iwao Hakamada quer limpar seu nome após passar mais de 40 anos no corredor da morte do Japão; veja detalhes
Iwao Hakamada, 88 anos, enfrenta a expectativa do veredicto de seu novo julgamento por assassinato, após ter passado mais tempo no corredor da morte do que qualquer outra pessoa no mundo.
Em 30 de junho de 1966, um incêndio devastou a residência do diretor de uma fabricante de miso em Shizuoka, centro do Japão, levando à descoberta dos corpos do executivo e sua família, vítimas de homicídio.
Hakamada, ex-empregado da empresa, foi acusado pelos crimes e condenado à forca em 1968, apesar de sempre afirmar sua inocência. Após 45 anos aguardando a execução, uma reviravolta em 2014 lançou dúvidas sobre as evidências que o incriminavam e culminou na sua liberação, além de um novo julgamento.
As acusações baseavam-se em confissões obtidas sob interrogatórios intensivos e provas agora consideradas questionáveis. Novos testes de DNA em vestimentas manchadas de sangue indicaram que o sangue não era de Hakamada, fortalecendo os argumentos de sua defesa, repercute o The Guardian.
Hakamada agora aguarda a decisão judicial sobre seu caso, marcada para setembro. Sua longa detenção trouxe à luz as condições inumanas enfrentadas por prisioneiros no corredor da morte japonês. O Japão, com os Estados Unidos, permanece entre os poucos países do G7 que ainda aplicam a pena de morte, apesar das crescentes críticas internacionais.
Hideko Hakamada, irmã do condenado e fervorosa ativista por sua libertação, mantém-se otimista quanto à possibilidade de absolvição.
"Agora o objetivo está à vista", disse ela aos jornalistas em Tóquio, informa o The Guardian. "Isso parece um processo sem fim. Estou fazendo isso não apenas pelo bem do meu irmão, mas por outras pessoas que foram falsamente acusadas e presas".
Hideyo Ogawa, advogado de defesa, enfatizou o impacto devastador da pena de morte e das condenações errôneas sobre os indivíduos afetados.
"Ver Iwao-san nos últimos 10 anos me mostrou o que a pena de morte faz com uma pessoa... é como se ele não estivesse aqui conosco, mas em um mundo próprio. Esse é o impacto que tem em alguém quando há uma condenação falsa, e isso não deveria ser permitido na sociedade de hoje", destacou.
Este caso se tornou emblemático na luta contra a pena de morte no Japão, um país onde prisioneiros condenados podem permanecer décadas aguardando a execução. Críticos apontam para o tratamento desumano dos detentos no corredor da morte, incluindo isolamento prolongado e a falta de aviso sobre a execução.