Nascido em Detroit, Michigan, nos Estados Unidos, Richard Phillips tinha apenas 22 anos quando foi acusado de um crime que não cometeu
Nascido em Detroit, Michigan, nos Estados Unidos, Richard Phillips tinha apenas 22 anos quando foi acusado de um crime que não cometeu. Ele trabalhava como auxiliar administrativo e sustentava sua família.
“Eu estava com um amigo que tinha roubado uma loja num Mustang Laranja. A polícia apareceu e me levou preso com ele”, relembrou em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. Na delegacia, o proprietário da loja precisava identificar o ladrão: "Ele disse: 'é o número 4.' Adivinha quem era o número 4? Eu! E eu nunca tinha visto aquele cara na minha vida".
A situação, já desesperadora, se agravou. Phillips não podia entregar seu amigo, pois sabia que aqueles que faziam isso corriam sérios riscos. O amigo, por sua vez, aproveitou a situação para escapar da culpa pelo assassinato e jogou a responsabilidade nele, que acabou recebendo uma sentença de prisão perpétua.
Em 1971, Phillips foi acusado do assassinato de Gregory Harris. Sem evidências físicas ou testemunhas, a condenação levou à pena de prisão perpétua. Mesmo mantendo sua inocência e recusando-se a confessar, Phillips enfrentou uma luta difícil por justiça, buscando apoio de organizações que revisam condenações injustas, repercute o g1.
Em 2017, um grupo de defensores públicos decidiu investigar o caso dele e conseguiu corroborar tudo o que Phillips havia afirmado ao longo dos últimos 46 anos, comprovando assim sua total inocência.
Após 46 anos de encarceramento, ele foi libertado. Sua exoneração completa ocorreu em 2018. O caso foi um dos mais longos de prisão injusta na história dos Estados Unidos.
O mais próximo que cheguei de receber uma proposta de acordo foi quando meu advogado me procurou e disse que talvez pudesse fazer um acordo. Naquela ocasião, eu lhe disse o que vou repetir agora... Prefiro morrer na prisão a admitir algo que não fiz", disse ao Jornal Nacional.
Phillips recebeu uma indenização milionária do Estado e atualmente vive da paixão que descobriu enquanto estava preso: a pintura.
Desde sua libertação, ele se tornou um defensor da reforma do sistema judicial e, embora os 46 anos perdidos não possam ser recuperados, ele mantém um espírito otimista: "Eu tento não viver no passado".