O governo argentino irá retirar o sigilo de documentos que tratam das atividades militares e de guerrilha ocorridas durante a ditadura militar no país
O porta-voz da presidência da Argentina, Manuel Adorni, anunciou que o governo vai retirar o sigilo de documentos que tratam das atividades militares e de guerrilha ocorridas entre 1976 e 1983, período marcado pela ditadura militar no país.
Em nota, o escritório da Presidência ressaltou que “o que aconteceu no passado deve permanecer nos arquivos da história, não na Secretaria de Inteligência do Estado”, destacando o compromisso de acabar com a opacidade que envolveu esses registros durante décadas e de torná-los acessíveis à sociedade.
Segundo o governo, a abertura dos arquivos é fundamental para reconhecer o passado e garantir o direito à memória e à verdade, permitindo que a história seja entendida de forma completa e não como uma “narrativa política partidária”.
A medida foi anunciada no Dia Nacional em Memória da Verdade e da Justiça – data que relembra o golpe militar de 1976 que instaurou o regime ditatorial. “Em uma data como esta, nós, argentinos, devemos valorizar a paz alcançada pela democracia e reafirmar nosso compromisso com a comemoração integral, sem omissões ou distorções políticas”, acrescenta a nota.
Embora a atual administração reconheça que a ditadura resultou em inúmeras vítimas da repressão, autoridades próximas ao presidente Javier Milei enfatizam o papel dos grupos guerrilheiros de esquerda, atribuindo-lhes a responsabilidade por sequestros, assassinatos e desaparecimentos.
Ao divulgar documentos sobre as ações dos militares, o governo também busca evidenciar os “crimes contra a humanidade” cometidos por organizações como o Exército Revolucionário do Povo (ERP), que atuaram na luta armada contra o regime.