"Nunca foi nossa intenção dar a Simon uma plataforma para contar mais mentiras", afirmou a documentarista Felicity Morris
Desde que foi lançado, em 2 de fevereiro, o longa documental “O golpista do Tinder” tem feito muito sucesso na Netflix. Para a diretora do filme, no entanto, a fama que o suposto golpista Simon Leviev ganhou com a produção não é tão positiva assim.
Acontece que, com pouco mais de duas semanas de exibição, o filme entrou para o Top 10 da plataforma em 94 países e conquistou mais de 64 milhões de horas de visualização. Simon Leviev, cujo nome verdadeiro é Shimon Hayut, por sua vez, já até assinou um contrato para criar seu próprio reality show de relacionamentos.
Segundo a diretora do longa, Felicity Morris, entretanto, o objetivo do documentário “nunca foi dar a Simon uma plataforma para contar mais mentiras”. Segundo O Globo, ela conheceu os supostos golpes depois de ler uma matéria do jornal norueguês “VG”.
“Ele [Simon] foi preso por crimes que cometeu em Israel, mas nunca foi indiciado por nenhum dos fatos apontados pelas garotas”, lamentou a cineasta e documentarista. “No momento, parece que Simon, mais uma vez, é uma pessoa com fundos ilimitados, o que é muito difícil de lidar para as mulheres do filmes.”
Agora, ele tem uma agente o representando em Los Angeles. Que tipo de mensagem isso passa para as mulheres, para as vítimas? Um homem condenado, que já esteve preso duas vezes, está sendo representado por uma agente mulher em LA. Que mensagem isso passa para as pessoas?”, continuou Morris.
Ainda de acordo com O Globo, além de planejar criar seu próprio podcast, Simon Leviev ainda assinou um contrato com Gina Rodriguez, que também trabalha como produtora em Hollywood. Em seu Instagram, a agente afirmou que assistiu ao longa da Netflix, mas o achou “incompleto porque nunca ouvimos o outro lado”.
A narrativa parece muito tendenciosa e eu não consegui formar uma opinião. Ao invés disso, tive mais dúvidas e sou uma mulher”, narrou Rodriguez. “É por isso que entrei em contato com Simon. Sempre há dois lados. Goste ou odeie, quero ouvir o lado dele.”
Para a diretora Morris, no entanto, o filme está passando por um processo que ela chamou de “repercussão misógina”. Isso porque, segundo a documentarista, muitos espectadores estão, na verdade, culpando as mulheres que denunciaram Leviev.
“O que tentamos mostrar foi que aquelas mulheres não receberam nada do Simon, não entraram naquela relação pensando que ganhariam alguma coisa”, narrou Morris. “Temos que parar de culpar as vítimas. No fim das contas, tudo o que essas mulheres fizeram foi confiar em um homem altamente manipulador e bom no que faz.”