Graças ao felino, uma equipe de cientistas dos EUA foi capaz de encontrar microrganismo até então desconhecido no país
Cientistas dos EUA foram capazes de investigar, pela primeira vez, um jeilongvirus graças ao trabalho de campo inesperado de um gato.
Em um dia quente de maio, em Gainesville, na Flórida, Pepper, um gato preto de pelo curto, levou um rato morto para casa, deixando-o aos pés de seu tutor.
A ação do bichano, no entanto, não foi motivo de susto para o seu dono, o pesquisador John Lednicky, professor na Universidade da Flórida. Em vez disso, o cientista resolveu testar o rato em laboratório, inicialmente em busca do vírus da varíola do cervo-mula.
Porém, ao invés da varíola, a equipe de Lednicky encontrou um microrganismo até então desconhecido nos EUA: um jeilongvirus.
Esse vírus, que já foi registrado em continentes como África, Ásia, Europa e América do Sul, pertence a uma família de patógenos que podem infectar diferentes espécies, incluindo répteis, pássaros, peixes e mamíferos. A equipe logo percebeu, entretanto, que essa variação era geneticamente muito distinta dos jeilongvirus conhecidos.
“Ele cresce igualmente bem em células de roedores, humanos e primatas não humanos (macacos), tornando-o um ótimo candidato para um evento de transbordamento”, explicou Lednicky, segundo informações do portal Galileu.
Batizado de vírus jeilong de roedor de Gainesville 1 (GRJV1), o achado foi descrito em um artigo publicado na revista científica Pathogens em setembro.
“Não antecipamos um vírus desse tipo, e a descoberta reflete a percepção de que muitos vírus que não conhecemos circulam em animais que vivem próximos aos humanos”, afirmou Emily DeRuyter, coautora do estudo.
Embora ainda não compreendido completamente, o jeilongvirus está associado a infecções respiratórias. Mesmo assim, os cientistas ressaltam que ele não representa risco imediato aos humanos, já que o contato com seus hospedeiros, os camundongos e ratos selvagens, é raro.
Para Lednicky, o próximo passo é investigar se o vírus pode causar doenças em roedores e outros pequenos animais.
O tutor de Pepper assegura que o gato não apresentou sintomas após o contato com o rato infectado. “Os gatos, em geral, evoluíram para comer roedores e não ficam doentes com os vírus transmitidos por eles, mas precisamos fazer testes para ver se o vírus afeta outros animais de estimação e humanos” concluiu Lednicky.