Cápsula do tempo enterrada no sítio arqueológico de Myklebustgarden foi encontrada e aberta por equipe de pesquisadores do Museu de Bergen, na Noruega
Uma equipe de pesquisadores do Museu de Bergen, na Noruega, encontrou uma cápsula do tempo enterrada em Myklebustgarden, um sítio viking que foi revisitado quase 150 anos após sua primeira escavação.
Dentro de uma garrafa de vidro, estavam uma carta, cinco moedas e um cartão de visita, deixados por Anders Lorange, o primeiro conservador do Museu de Bergen, contratado em 1874. Lorange é conhecido por ter descoberto Myklebust, o maior navio viking já desenterrado, com quase 30 metros de comprimento.
O navio, que provavelmente foi queimado em um ritual funerário por volta de 860 d.C., estava enterrado na costa de Nordfjordeid, local onde Lorange depositou a garrafa. Na carta, ele descreveu o processo de escavação do monte, destacando: "O monte é construído sobre homens caídos. Eles foram enterrados em seu navio com suas armas".
No entanto, os pesquisadores modernos identificaram algumas imprecisões em sua descrição, como o número de escudos vikings encontrados: Lorange mencionou 26, enquanto a revisão revelou 44.
Outro achado notável ignorado na carta foi, de acordo com o portal Galileu, um vaso de bronze do século 8, possivelmente saqueado de uma igreja ou mosteiro irlandês. Para os especialistas, isso reforça a hipótese de que Lorange não conduziu pessoalmente a escavação, delegando a tarefa a trabalhadores locais.
O cartão de visita dentro da garrafa revelou um detalhe curioso: uma mensagem codificada em runas. Os pesquisadores, a princípio, enfrentaram dificuldades para traduzir a nota, até que perceberam que Lorange, na verdade, não sabia escrever nesse dialeto. Ele simplesmente havia substituído cada letra do alfabeto norueguês por caracteres do alfabeto rúnico.
Ao decifrar a mensagem, os pesquisadores descobriram uma declaração de amor para Emma Gade, que mais tarde, em 1877, se tornaria esposa de Lorange. O texto dizia: 'Emma Gade, minha namorada'.
Segundo a fonte, esse gesto romântico não foi único em sua carreira: outra mensagem dedicada a uma mulher foi encontrada em um sítio arqueológico em 1939, mas, naquele caso, o amor não foi correspondido.
Margareth Hagen, reitora da Universidade de Bergen, destacou a emoção de encontrar um vestígio tão pessoal de Lorange. "É incrivelmente emocionante e surpreendente encontrar uma cápsula do tempo com uma saudação de 150 anos do nosso primeiro arqueólogo. Tais acontecimentos dizem muito sobre a longa tradição científica da qual fazemos parte."
Os itens deixados por Lorange, junto aos achados de Myklebust, serão exibidos em uma exposição comemorativa no Museu de Bergen, marcada para 2025, em celebração ao 200º aniversário da instituição.