Além de a fusão de buracos negros mais distante, essa é a primeira vez que o fenômeno é observado, em um tempo considerado cedo para o Universo
Publicado em 16/05/2024, às 12h12
Recentemente, astrônomos utilizando do Telescópio Espacial James Webb detectaram uma fusão entre dois buracos negros de galáxias distintas quando o Universo tinha apenas 740 milhões de anos. Além de este achado ser o fenômeno do tipo mais distante já identificado, ele também ocorreu quando o Universo ainda era "jovem" — lembrando que estima-se que ele possua 13,8 bilhões de anos.
Divulgada nesta quinta-feira, 16, no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, esta descoberta marca a primeira vez que esse fenômeno é observado tão cedo na história do Universo.
Vale mencionar que a presença de dois buracos negros grandes o suficiente para se fundirem, mesmo que em galáxias diferentes, sugere que eles tiveram grande impacto na evolução cósmica — embora ainda seja um mistério como cresceram tanto.
O fenômeno em questão foi observado no sistema galáctico ZS7. "As nossas descobertas sugerem que a fusão é uma via importante através da qual os buracos negros podem crescer rapidamente, mesmo no amanhecer cósmico", pontua em comunicado a principal coautora do estudo, Hannah Übler, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.
Juntamente com outras descobertas do Webb sobre buracos negros massivos e ativos no Universo distante, os nossos resultados também mostram que os buracos negros massivos têm moldado a evolução das galáxias desde o início", continua.
+ James Webb descobre buraco negro mais distante e mais antigo do universo
Conforme repercutido pela Revista Galileu, os astrônomos envolvidos na pesquisa descobriram pistas de um gás muito denso e com movimentos rápidos nas proximidades de um dos buracos negros, além de "gás quente e altamente ionizado iluminado pela radiação energética geralmente produzida por buracos negros em seus episódios de acreção [acúmulo de matéria em sua superfície]", que possibilitou diferenciar os objetos, segundo o estudo.
Os pesquisadores também estimam que um dos buracos negros identificados possui uma massa cerca de 50 milhões de vezes maior que a do Sol. "A massa do outro buraco negro provavelmente é semelhante, embora seja muito mais difícil de medir porque este segundo buraco negro está enterrado em gás denso", pontua Roberto Maiolino, outro membro da equipe.
Os resultados de Webb dizem-nos que os sistemas mais leves detectáveis pela LISA devem ser muito mais frequentes do que se supunha anteriormente", conclui Nora Luetzgendorf, cientista chefe do Projeto LISA (Laser Interferometer Space Antenna, que será o primeiro observatório dedicado ao estudo de ondas gravitacionais), da Agência Espacial Europeia, no comunicado.