Mulher foi dopada ao longo de uma década pelo marido para que homens a estuprassem; agora a vítima finalmente conseguiu o divórcio, após 50 anos de casamento
Redação Publicado em 09/09/2024, às 12h50
A francesa que foi vítima de um dos casos mais perturbadores dos últimos anos, Gisèle Pelicot, finalmente conseguiu concluir o processo de divórcio de Dominique Pelicot, acusado de dopá-la e recrutar estranhos para estuprá-la durante uma década.
Dominique está sendo julgado desde a semana passada, junto com outros 50 réus, no tribunal penal de Avignon, na França. Nesta segunda-feira, o advogado das partes civis confirmou à AFP o fim do casamento de 51 anos.
O divórcio foi oficializado em 22 de agosto, mas a família só foi informada da conclusão do processo no primeiro dia do julgamento, em 2 de setembro. A informação foi divulgada ao público apenas nesta segunda-feira.
Segundo a acusação, Gisèle foi abusada por mais de 70 homens entre 2011 e 2020. Mesmo com o início do julgamento, que deve se estender até dezembro, os advogados ainda se referiam à vítima e ao réu como um casal "em processo de divórcio". Gisèle e Dominique, ambos de 71 anos, haviam se casado em 1973.
Em 2020, ao descobrir os crimes cometidos pelo marido, Gisèle decidiu retomar seu nome de solteira. Contudo, na última quinta-feira, ela e os três filhos do casal concordaram em permitir que o sobrenome Pelicot fosse mencionado pela mídia. Até então, a família havia solicitado que apenas os primeiros nomes fossem utilizados, visando proteger a privacidade dos seis netos de Gisèle.
A mudança de postura ocorreu após Gisèle ter relatado, em depoimento emocionado, os cerca de 200 estupros sofridos durante o casamento.
Para os netos, no parque infantil, é um orgulho para eles serem netos de Gisèle Pelicot. Para eles, é importante que se torne um orgulho no parque infantil ter este nome, que hoje é um sobrenome de coragem encarnada e força sobre a vida", concluiu o advogado Antoine Camus.
