Episódio se deu através do Flow Podcast nesta terça-feira, 8
O Flow Podcast e o apresentador Monark, apelido de Bruno Aiub, entraram nos assuntos mais comentados nas redes sociais nesta terça-feira, 8.
Enquanto entrevistava Tabata Amaral, PSB-SP e Kim Kataguiri, do Podemos-SP, Monark disse: “Eu sou mais louco do que vocês. Eu acho que tinha que ter partido nazista reconhecido pela lei”.
Em seguida, após ser rebatido por Amaral, Monark continuou com os comentários esdrúxulos.
“(...) se um cara quisesse ser anti-judeu, eu acho que ele tinha o direito de ser”, diz o apresentador. Em seguida, Monark questiona: “Você vai matar quem é anti-judeu? (...) Ele não está sendo anti-vida, ele não gosta dos ideais [dos judeus]".
Após as palavras de Monark, entidades judaicas e personalidades da mídia repudiaram as palavras do apresentador, que foi desligado pela empresa.
A Ferj, Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, que cuida da transmissão do Campeonato Carioca através do Flow Sports Club, rompeu contrato com os Estúdios Flow.
Em comunicado, a Ferj explica ser contra qualquer tipo de preconceito.
"A Ferj, defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito, anuncia o rompimento do contrato com o Estúdios Flow, responsável pelo podcast Flow Sport Club que transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022, por apologia ao nazismo, regime cujos crimes contra a humanidade até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida", diz o comunicado disponibilizado nas redes sociais do Cariocão Betfair.
Após a polêmica nas redes sociais, o apresentador se pronunciou a respeito do episódio. Em um vídeo, de quase nove minutos, ele expressa que é contrário ao nazismo e vê isto como uma posição ‘criminosa, hedionda, nojenta’.
“O nazismo é algo abominável, é um pensamento ridículo, é algo que qualquer pessoa que pense ou tenha essas ideias é uma retardada mental. Na minha opinião, ela é idiota, completa imbecil, é uma pessoa que tem ser educada para que deixe de pensar dessa forma. A gente não pode mais aceitar hoje na nossa sociedade esse tipo de pensamento, criminoso, hediondo, nojento”, afirmou.
Porém, Monark defende o que disse sobre a legalização de um partido nazista, dizendo que é a favor de sua própria versão da liberdade de expressão. Na sua visão, todos deveriam poder dizer o que quiserem, pois assim é mais fácil identificar quem é ‘idiota’.
“Minha ideia de liberdade de expressão é que o cara fale que ele é idiota para que a gente possa saber quem é idiota e possa educar essa pessoa, ou, se for possível, se afastar dessa pessoa. E, se ela estiver cometendo algum crime, punir. É muito mais fácil descobrir quem ela é se a gente deixa ela falar”, posicionou-se.
Além de desculpar-se e retratar-se, afirmando que “estava bêbado ”, o youtuber criticou a suposta ‘cultura do cancelamento’, colocando-se acima das críticas nas redes sociais pois o programa é, em suas palavras, um dos únicos na atualidade que abre conversas com todos dos diversos espectros políticos.
"Essa cultura de cancelamento está um pouco absurda. Eu simplesmente não consigo mais ter conversas no meu programa. Vocês têm que entender que estou lá há quatro horas conversando com pessoas sobre os assuntos mais delicados e complexos que a gente pode falar na nossa sociedade", refletiu.
Em outra parte do vídeo, o apresentador pediu desculpa diante da repercussão nas redes sociais.
“Galera, eu queria fazer esse vídeo só para pedir desculpa mesmo porque eu errei, a verdade é essa. Eu tava muito bêbado e fui defender uma ideia que acontece em outros lugares no mundo, mas fui defender essa ideia de um jeito muito burro e tava bêbado. Eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Porra, eu peço perdão pela minha insensibilidade”, explicou Monark em vídeo divulgado nas redes sociais.
Monark continua e pede compreensão.
“Mas peço um pouco de compreensão. São quatro horas de conversa e eu estava um pouco bêbado. Fui insensível, sim, fui insensível e errei na forma como eu me expressei. Dá a entender que eu tô defendendo coisas abomináveis, é uma merda, errei pra caralho. Peço compreensão de vocês e peço desculpas a toda comunidade judaica. Não queria ser insensível e não foi a minha intenção. Convido os representares dessa comunidade para vir conversar comigo e explicar em sobre toda a história. Obrigado”, disse ele.
Durante o Holocausto na Segunda Guerra Mundial (1939 -1941), estima-se que cerca de 5 a 6 milhões de judeus tenham sido mortos pelo regime nazista, sob a justificativa de uma supremacia da raça ariana.
Além deles, ciganos, Testemunhas de Jeová, homossexuais e pessoas com deficiência também foram perseguidos pelo regime.
No Terceiro Reich, aqueles excluídos da ‘raça ariana’ eram enviados para campos de trabalho forçado e execução. Uma das vítimas brasileiras do Holocausto é Andor Stern.
“Eu tive o privilégio de ter reposto tudo que eu perdi. A vida me compensou de verdade: me deu, por exemplo, uma família maravilhosa e a oportunidade de, ainda com a minha idade, ser lúcido. Eu não tenho muito do que reclamar da vida, ainda que tenha vivido o que eu presenciei”, disse ele em entrevista ao site Aventuras na História no ano passado.