Pesquisa com grupo de elefantes do Quênia pode comprovar que humanos não são os únicos animais com nomes próprios; entenda!
Um novo estudo indica que os humanos podem não ser os únicos seres vivos a atribuírem nomes próprios para si: aparentemente, elefantes também possuem tal capacidade. Porém, em vez de nomes já famosos de elefantes, como Babar ou Dumbo, eles se referenciam com sons baixos e estrondosos, de acordo com os pesquisadores.
O novo estudo, publicado no dia 23 de agosto no servidor de pré-impressão BioRxiv, atesta que um grupo de elefantes africanos da savana do Parque Nacional de Amboseli, no Quênia, faz vocalizações específicas para se referir a outros indivíduos de seus grupos sociais; e ainda além: os destinatários respondiam de acordo. Ou seja, é como se os grandes animais se identificassem a partir de sons próprios, ou nomes.
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Dessa forma, os elefantes podem ser considerados os primeiros animais, não humanos, a se referirem uns aos outros sem imitar o chamado do próprio receptor — tal qual golfinhos ou papagaios —, mais um indício da já reconhecida grande inteligência da espécie.
Conforme descrito pelo Live Science, para o estudo, os pesquisadores registraram 527 cantos de elefantes no ecossistema Samburu, no norte do Quênia, e outros 98 do Parque Nacional Amboseli, ao sul. Os sons específicos, no caso, foram registrados em 119 indivíduos. Então, com um modelo computacional e tecnologias de inteligência artificial, foram identificados corretamente os destinatários de 20,3% das 625 ligações gravadas.
Há um estrondo de contato, há um estrondo anti-predador, há um estrondo de saudação. Se você olhar para um espectrograma, todos eles parecem quase exatamente iguais, ou exatamente iguais", conta Caitlin O'Connell-Rodwell, bióloga especialista em elefantes de Harvard, não envolvida com a pesquisa, à WordsSideKick.com. "É por isso que a IA tem sido emocionante. Ela nos permite realmente descobrir o que os elefantes estão fazendo."
No caso, os chamados não eram sons genéricos emitidos, por exemplo, entre filhotes e mães, mas sim distintos para cada receptor. Surpreendentemente, até mesmo um mesmo receptor era chamado de maneira semelhante por dois elefantes diferentes. "Isso apenas destaca a complexidade do que está acontecendo", afirma O’Connell-Rodwell.
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Além do mais, os pesquisadores envolvidos no estudo também pontuaram que os animais reagiam mais fortemente às gravações direcionadas a eles do que às direcionadas a outros do grupo.
O verdadeiro valor deste artigo é que ele mostra como os elefantes navegam por uma grande paisagem e ainda conseguem manter contato com indivíduos específicos", conta O’Connell-Rodwell, por fim. "Isso permite que eles se espalhem muito mais e ainda tenham um controle muito próximo dos indivíduos, não apenas do grupo."