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Notícias / Ucrânia

À espera do apocalipse: A vida de judeus na “pequena Jerusalém’ ucraniana

Sinagoga local divide a atenção de fiéis com sirenes que alertam possíveis ataques russos

Fabio Previdelli Publicado em 10/03/2022, às 14h59

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Sinagoga de Uman - Uk-Kamelot via Wikimedia Commons
Sinagoga de Uman - Uk-Kamelot via Wikimedia Commons

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há exatamente duas semanas, em 24 de fevereiro, o país que já fez parte da extinta União Soviética se vê em um cenário de incertezas e de extrema preocupação com seu futuro. 

Embora o domínio russo seja, até o momento, parcial, cerca de 2,2 milhões dos 44 milhões de cidadãos ucranianos já deixaram o território e se refugiaram em países vizinhos; como a Polônia. 

Os reflexos da Guerra não ecoam apenas nas cidades envolvidas no conflito, mas em toda a nação. Um exemplo disso é como o cotidiano de Uman, localizada a 200 quilômetros ao sul de Kiev, capital ucraniana, foi afetado. 

Em meio ao frio e à escuridão, a sinagoga local mantém seus serviços diários enquanto os, já comuns, sons de sirenes que alertam possíveis ameaças de bombardeios soam pela região. 

"Passamos o dia inteiro na sinagoga orando, estudando a Torá", diz a fiel Odele, de 46 anos, em entrevista à AFP. Ela deixou Kiev há cerca de um ano para se estabelecer próxima ao túmulo de Nachman de Breslov, rabino que é uma figura importante para o judaísmo. 

Em meio ao conflito que emerge na Ucrânia, Odele vê tudo isso como um “sinal anunciador" do “Messias”: "Estava escrito que começaria com a guerra e depois o apocalipse", explica a mulher. 

Mãe de nove filhos, a fiel é uma das últimas remanescentes judaicas da comunidade de Uman. Embora a cidade não tenha sofrido nenhum ataque, até então, a possibilidade fez com que muitos se deslocassem para a Moldávia, país vizinho que fica a 130 km de distância. Agora, a comunidade local conta com apenas 30 pessoas. 

"Continuamos com nossa rotina: quem ficou para orar, quem quis sair, foi escolha própria", diz Nevo Suissa, de 27, outro membro da comunidade judaica. "É importante seguirmos nossos ritos cabalísticos aqui, que haja orações. Nossas orações influenciam o rumo do mundo, elas têm o poder de acabar com essa situação".

Agora os que ficam são os que ficarão até o fim. Os que estão aqui são os que não têm medo da eternidade", completa Ohad Dror, de 36 anos, outro remanescente.