O abandono das embarcações pode desencadear desastres ambientais oriundos do vazamento de óleo e contaminação das águas
Na noite da última segunda-feira, 14, o acidente do navio que atingiu a ponte Rio-Niterói fomentou uma discussão entre os especialistas a respeito dos riscos ambientais que o “cemitério de navios” abandonados na baía de Guanabara pode causar. As embarcações em questão estão expostas há décadas e repletas de ferrugem em suas estruturas.
De acordo com uma nota divulgada pelos ativistas do Movimento Baía Viva, ONG que monitora o local desde 1984, o cemitério de navios coloca em risco a vida dos cariocas:
Ao longo deste tempo, cresceu o risco de vazamento de óleo, outras substâncias químicas e metais pesados oriundos dessas embarcações que apodrecem no fundo da baía ou ancoradas de forma precária e insegura, sem dispor da devida fiscalização periódica que deveria ser realizada por órgãos ambientais, como o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) ou o Ibama (federal), nem mesmo pela Capitania dos Portos".
Os ativistas alertam periodicamente as autoridades sobre a ameaça de desastres ambientais causados pelas embarcações sem tripulação.
O lixo náutico, que corresponde a cascos, peças e equipamentos, representa um grande risco à saúde da população e ao meio ambiente, uma vez que pode gerar contaminação das águas e vazamento de substâncias químicas. Além disso, existe a questão do lixo urbano que são despejados pelos municípios e correspondem a 18 mil litros de esgoto doméstico por segundo, de sete municípios do estado.
Em relação a quantidade de barcos deixados na baía, não há nenhuma verificação com os números exatos. Porém, segundo o jornalista e ambientalista Emanuel Alencar, autor do livro Baía de Guanabara — Descaso e Resistência (2021), um levantamento da Capitania dos Portos para a obra contou 78 embarcações abandonadas, sendo que algumas estão lá há mais de 40 anos.