Condição afetou fortemente a população da Grã-Bretanha no século 19, e era considerada superada há pelo menos 50 anos
Levantamentos recentes do governo da Escócia, registrados em 2022, mas revelados pelo The Sunday Times no último sábado, 19, apontam um dado que preocupa bastante a população escocesa: em comparação com o ano de 2018, a sociedade sofrera com um aumento de quase 25% no número de casos de raquitismo, ao registrar 442 ocorrências.
Vale mencionar que a doença, que acometeu a Grã-Bretanha especialmente durante a Era Vitoriana (1837 - 1901), já era considerada superada há pelo menos 50 anos. Ela é caracterizada pelo amolecimento e enfraquecimento dos ossos, afetando o crescimento do indivíduo e provocando deformidades no esqueleto, devido a uma extrema deficiência de vitamina D.
No passado, a doença era muito relacionada à pobreza, sendo diagnosticada principalmente nas regiões periféricas do Reino Unido. E hoje não é tão diferente: especialistas acreditam que seu aumento também seja reflexo da desigualdade social, sendo a maioria registrada na área metropolitana de Glasgow e Clyde, uma das mais carentes de toda a Escócia.
Como já mencionado, o raquitismo se relaciona diretamente à deficiência de vitamina D — esta que pode ser obtida com base em uma alimentação saudável e rica em óleos, como oleaginosas e peixes, e é absorvida pelo corpo com exposição solar — no organismo do indivíduo.
Sabendo disso, é possível compreender o que disse Lynsay Crawford, especialista na doença, em entrevista ao jornal escocês The Herald: além de hoje em dia as pessoas passarem muito mais tempo em casa, tomando menos sol, "adotam hábitos alimentares que, embora sejam baratos, não são saudáveis e falham na missão de nutrir os indivíduos."
A reportagem também apurou que a região de Glasgow apresentou um grande aumento no número de crianças tratadas por desnutrição nos últimos anos, bem como a própria expectativa de vida dos mais ricos e dos mais pobres se distancia: homens que vivem nas áreas mais carentes vivem cerca de 15,4 anos menos que os de regiões ricas; com as mulheres, a diferença é de 11,6 anos.
Além do mais, outras doenças comum da Era Vitoriana, quando grande parte da população sofria com a pobreza, estão voltando a aumentar no país, como a tuberculose e a escarlatina. E ambas, mais uma vez, se relacionam à má nutrição, inclusive nos tempos atuais.
Aumentar a expectativa de vida saudável e reduzir as desigualdades de saúde na Escócia continua sendo uma ambição clara do governo. Sabemos que as pessoas que vivem na pobreza têm uma saúde pior. É por isso que o principal objetivo é tornar mais fácil para todos comer bem e ter um peso saudável. Isso inclui a redução dos níveis de desnutrição", declarou, por fim, um porta-voz do governo escocês ao The Herald.