Criança do século 17 pode ter sofrido com raquitismo e pertencia a família aristocrática
Na Alemanha, pesquisadores identificaram uma múmia, por meio de uma autópsia virtual, que pertencia a uma família aristocrática austríaca do século 17. O corpo supostamente era de um menino, que faleceu com cerca de um ano de idade, e passou por um processo de mumificação natural ao longo dos anos, como descrito em estudo publicado na Frontiers in Medicine na última quarta-feira, 26.
O corpo, por sua vez, era o único não identificado na cripta em que foi descoberto, estando enterrado em um caixão de madeira, enquanto os outros membros da família estavam em caixões de metal.
O tecido mole preservado foi o que possibilitou a identificação do sexo da criança, e determinar que ele estava acima do peso para sua idade, o que indica que era bem alimentado.
Apesar disso, a análise dos ossos indicou que, por algum motivo, o menino estava desnutrido. Suas costelas tinham um tipo de malformação no padrão rosário raquítico, o que pode ser observado em casos graves de raquitismo — doença provocada pela falta de vitamina D ou cálcio, que enfraquece a estrutura óssea do indivíduo — ou escorbuto.
Com isso, pesquisadores concluíram que possivelmente o menino desenvolveu as malformações por não tomar sol. Como foi membro da aristocracia, ele era bem alimentado, mas os nobres da época valorizavam tons de pele mais pálidos e claros, por indicar certo status social — se pensava, na época, que pessoas de pele mais clara eram mais ricas por não precisarem trabalhar no sol.
A combinação da obesidade com uma deficiência severa de vitaminas só pode ser explicada por um estado nutricional geralmente 'bom' , juntamente com uma quase completa falta de exposição à luz solar", explica o principal autor do estudo, Andreas Nerlich, em comunicado.
A cripta em que o garoto foi encontrado era reservada exclusivamente aos condes de Starhemberg, que enterravam ali principalmente os filhos primogênitos e suas esposas. Visto isso, possivelmente o nome da criança era Reichard Wilhelm, que teria sido enterrado ao lado do avô, que tinha o mesmo nome, Reichard von Starhemberg.
Uma datação por radiocarbono de uma pequena amostra de pele do menino indicou que ele foi colocado na cripta entre os anos de 1550 e 1635. Além disso, ele também foi enterrado com um casaco longo e um capuz de seda cara, como informado pela Revista Galileu.
Não temos dados sobre o destino de outras crianças da família", disse o autor do estudo. "De acordo com nossos dados, o bebê era provavelmente o primogênito [do conde] após a construção da cripta da família, então cuidados especiais podem ter sido aplicados."