Sepultamento coletivo com os restos mortais de 123 pessoas remonta ao início do século 12, mas motivo por trás do evento permanece incerto
Escavações próximas à Catedral de Leicester, na Inglaterra, revelaram um poço repleto de ossadas humanas, levantando um enigma histórico. Arqueólogos do Serviço Arqueológico da Universidade de Leicester (ULAS) descobriram um sepultamento coletivo com restos mortais de 123 pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças. Estima-se que o enterro remonte ao início do século 12, há mais de 800 anos, mas o motivo por trás desse evento permanece incerto.
A Catedral de Leicester, construída há cerca de 900 anos sobre antigos assentamentos romanos, é um local historicamente rico. As escavações no entorno já revelaram vestígios que apontam para ocupações anglo-saxônicas, romanas e até pré-históricas, com registros de atividade humana que datam de mais de 15 mil anos.
De acordo com os pesquisadores, os corpos foram lançados no poço em três etapas distintas, aparentemente de forma rápida e desordenada, como se várias carroças cheias de cadáveres tivessem despejado os restos sucessivamente.
“Em termos de números, as pessoas colocadas lá provavelmente representavam cerca de 5% da população da cidade”, explicou Mathew Morris, arqueólogo do projeto, de acordo com informações do portal Galileu. Ele também destacou que, embora enterros em fossas sejam conhecidos na região, este é excepcionalmente grande e raro, dificultando a busca por comparações em qualquer lugar da Inglaterra.
Inicialmente, os pesquisadores cogitaram que os corpos poderiam ser vítimas da Peste Bubônica, que devastou a Europa no século 14. No entanto, análises por radiocarbono revelaram que os restos mortais datam de cerca de 150 anos antes, descartando essa hipótese. As evidências apontam para um período de intensas pestilências, febres e episódios de fome registrados entre os séculos 10 e 12, que podem ter causado a alta mortalidade local.
Este enterro em massa se encaixa neste período e fornece prova física do que estava ocorrendo em todo o país”, disse Morris.
A descoberta faz parte do projeto Leicester Cathedral Revealed, iniciado há 12 anos, após a localização dos restos mortais do rei Ricardo III nas proximidades. Desde então, novas escavações foram conduzidas, culminando na criação de um Centro de Patrimônio e Aprendizagem nos Jardins da Catedral, para explorar ainda mais a rica história do local.