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Notícias / Arqueologia

Escavações em complexo de templos na Grécia revela novas descobertas

Descoberta em 2022, a estrutura identificada como um templo provavelmente dedicado a Poseidon revelou-se ainda mais monumental do que se imaginava

por Giovanna Gomes
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Publicado em 05/11/2024, às 12h43

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Modelo 3D da área escavada - Divulgação/OeAW-OeAI/Marie Kräker
Modelo 3D da área escavada - Divulgação/OeAW-OeAI/Marie Kräker

Escavações em um grande complexo de templos em Kleidi-Samikon, no oeste do Peloponeso, Grécia, conduzidas por arqueólogos do Instituto Arqueológico Austríaco e do Ministério da Cultura da Grécia, revelaram avanços impressionantes. Descoberta em 2022, a estrutura foi identificada como um templo provavelmente dedicado a Poseidon, e revelou-se ainda mais monumental do que se imaginava.

Com cerca de 28 metros de comprimento e 9,5 metros de largura, o templo possui duas salas principais, um vestíbulo e possivelmente uma sala traseira, tornando-se uma das descobertas mais significativas em santuários gregos antigos nos últimos anos.

O destaque da estrutura está em seu design arquitetônico incomum. Birgitta Eder, diretora da filial de Atenas do Instituto Arqueológico Austríaco, descreveu o templo como "arcaico, com duas salas principais... A planta baixa do templo é incomum. Até agora, não conhecemos edifícios comparáveis."

Escavações se deram no oeste do Peloponeso / Crédito: Divulgação/OeAW-OeAI/Marie Kräker

Pesquisadores sugerem que o projeto com duas salas pode indicar um espaço de culto para duas divindades ou uma área de reuniões para a Liga Trifiliana, uma aliança de cidades próximas que compartilhavam práticas religiosas e culturais.

Novas descobertas

De acordo com informações do portal Archaeology News, as escavações deste ano também trouxeram à luz mais detalhes sobre a construção e as reformas do templo.

Erofili-Iris Kolia, diretor do Eforato de Antiguidades de Elis, explicou que, entre o final do século IV e o início do século III a.C., o templo arcaico do século VI a.C. foi remodelado, com antigas telhas sendo aplicadas uniformemente como contrapiso para estabilizar e isolar o piso contra a umidade do solo. A cerâmica encontrada ajudou a datar essas modificações, ligando-as aos períodos arcaico e helenístico.

Entre os artefatos, uma placa de bronze com uma inscrição foi recuperada. Devido à fragilidade, ela foi removida com a terra ao redor para preservação, e imagens de raios-X iniciais sugerem a presença de uma inscrição extensa que pode fornecer novos detalhes sobre a história do santuário.

Outro achado relevante é uma grande bacia de mármore, chamada perirrhanterion, usada em purificações rituais.

A localização do templo condiz com a descrição do historiador Estrabão, que mencionou um templo de Poseidon em um “bosque de oliveiras selvagens”.

Situado perto da costa, que na antiguidade estava ainda mais próxima do mar, o templo possuía tanto importância religiosa quanto estratégica, especialmente devido à proximidade com a antiga fortaleza de Samikon.

Segundo Eder, o santuário servia como um ponto central de comunicação e identidade para as cidades trifilianas e manteve relevância por séculos.

A remoção de vegetação ao norte do templo revelou uma estrutura com paredes duplas, possivelmente parte do limite do santuário e usada para proteção contra inundações de lagoas próximas. Essa parede foi identificada pela primeira vez pelo arqueólogo Wilhelm Dörpfeld no início do século XX.

O projeto é fruto de uma colaboração entre especialistas austríacos, alemães e gregos, financiado pela Fundação Gerda Henkel e apoiado pelo Instituto Arqueológico Austríaco e pelo Ministério da Cultura da Grécia. Novas escavações estão planejadas para explorar mais do santuário e identificar possíveis estruturas adicionais, como altares e casas de tesouro.