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Notícias / Dinossauros

Fósseis de fezes e vômito revelam pistas sobre ascensão e domínio dos dinossauros

Novo estudo analisou materiais digestivos fossilizados a fim de entender a evolução dos dinossauros no final do Triássico e início do Jurássico

por Giovanna Gomes
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Publicado em 28/11/2024, às 11h23

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Coprólitos do início do Jurássico encontrados na Polônia - Divulgação
Coprólitos do início do Jurássico encontrados na Polônia - Divulgação

A descoberta de fósseis na Bacia Polonesa, no centro-sul da Polônia, revelou pistas valiosas sobre os primeiros passos dos dinossauros rumo ao domínio dos ecossistemas da Terra. O estudo, publicado na revista Nature nesta quarta-feira, 27, analisou mais de 500 amostras de bromálitos — materiais digestivos fossilizados, como coprólitos (fezes) e gastrolitos (vômito) — para entender a evolução desses répteis gigantes no final do Triássico e início do Jurássico.

Realizada por uma equipe internacional liderada pela Universidade de Uppsala, na Suécia, a pesquisa utilizou técnicas inovadoras de imagem para examinar restos de plantas, insetos e ossos preservados nos fósseis. Combinados com dados climáticos e vegetais da época, os resultados ofereceram um panorama detalhado de como os dinossauros iniciais exploraram diferentes nichos ecológicos para sobreviver e prosperar em um período de mudanças ambientais drásticas.

No final do Triássico, há cerca de 201 milhões de anos, o planeta enfrentava uma transição climática marcante: de condições áridas para um ambiente mais úmido. Essa mudança, associada a uma grande extinção em massa que eliminou cerca de 76% das espécies, abriu caminho para novos protagonistas nos ecossistemas.

"As evidências da Bacia Polonesa sugerem que os primeiros ancestrais dos dinossauros eram animais pequenos e oportunistas, ocupando um papel secundário nos ecossistemas", explicou o paleontólogo Martin Qvarnström, coautor do estudo, ao portal de notícias g1. Ele contou que esses dinossauros consumiam uma variedade de recursos como insetos, peixes e plantas e que essa flexibilidade alimentar foi essencial para a sobrevivência em um período de instabilidade.

Os fósseis indicam, por exemplo, que alguns dinossauros herbívoros consumiam carvão, provavelmente para neutralizar toxinas presentes em plantas como samambaias. Essa habilidade de adaptação permitiu que eles aproveitassem novas fontes de alimento e explorassem nichos ecológicos deixados vagos pela extinção de outros répteis.

Entre os fósseis estudados, destaca-se um coprólito relacionado ao Smok wawelski, um dos primeiros dinossauros carnívoros. Análises revelaram fragmentos de ossos e dentes serrados, sugerindo que ele caçava grandes presas, como outros répteis ou pequenos dinossauros.

Por outro lado, enquanto regiões como a América do Sul já abrigavam saurópodes gigantes (dinossauros herbívoros de pescoços longos), a Bacia Polonesa não apresentou fósseis desses animais. Isso sugere que a distribuição dos dinossauros foi desigual, com cada região desenvolvendo ecossistemas distintos.

Eventos climáticos

A ascensão dos dinossauros está intimamente ligada a eventos climáticos como o Episódio Pluvial do Carniano (CPE), uma fase de intensas mudanças ambientais no final do Triássico. “O Episódio Pluvial do Carniano [CPE, na sigla em inlgês] parece estar bem documentado em uma escala global, mas seria interessante ver como ele se expressa nas camadas da Bacia Polonesa”, afirma Lawrence Tanner, professor de Ciências Biológicas e Ambientais nos Estados Unidos.

Estudos como o da Bacia Polonesa ajudam a desvendar como essas mudanças climáticas e ecológicas moldaram o domínio dos dinossauros em diferentes regiões. Comparações com fósseis de outros locais, como Argentina e Brasil, podem fornecer informações ainda mais abrangentes.

Os pesquisadores destacam que métodos mais avançados, como inteligência artificial, serão fundamentais para decifrar informações mais detalhadas a partir de bromálitos. “Conforme essa tecnologia avança, será possível estudar fósseis com resoluções ainda maiores, descobrindo novos dados sobre dietas, ecossistemas e padrões evolutivos antigos”, conclui Qvarnström.

+ Confira aqui o estudo completo.