Na foto, a penitente está em Campos do Jordão; defesa afirma que foi #tbt
Pedro Paulo Furlan, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 27/01/2022, às 16h23 - Atualizado às 16h29
Presa em 2008, a dentista mineira Kelen Reolon de Souza foi detida por tráfico de drogas e encontra-se em uma peculiar situação desde esta quinta-feira, 27. Com a pandemia de Covid-19, a Justiça deu à penitente o benefício de prisão domiciliar, no entanto, ela perdeu o direito após ter postado uma foto em Campos do Jordão, em São Paulo.
A sentença de Kelen permitia que ela saísse de seu domicílio para trabalho nos dias úteis, entre 6h e 19h, e aos sábados entre 6h e 15h. Logo, uma viagem turística não se encaixaria na permissão de prisão domiciliar e a profissional foi levada de volta ao presídio, com o benefício retirado pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG).
De acordo com a cobertura do portal de notícias g1, o MPMG justificou a decisão afirmando que a movimentação, especialmente a postagem de uma foto da viagem nas suas redes sociais de Kelen foi completamente contra sua obrigação e o acordo.
“Fiscalizando a execução da pena, o MPMG teve ciência de que, ignorando a obrigação de permanecer em sua residência nos horários em que não estivesse trabalhando, a condenada realizou viagem de turismo à cidade de Campos do Jordão/SP e publicou a experiência em rede social”, declarou.
Ela foi detida em um bar na capital mineira de Belo Horizonte, após ser considerada foragida desde outubro do ano passado, 2021, com um mandado de prisão em aberto. No entanto, a defesa de Kelen discorda desta decisão, afirmando que a foto publicada nas redes era um post antigo, um caso de ‘#tbt’ (throwback thursday), quando pessoas relembram momentos do passado em uma quinta-feira.
Em conversa com o g1, o advogado Tiago Henrique Santos explicou a escolha de resistir à sentença do Ministério Público, dissertando sobre o suposto fato de que existem diversas maneiras de provar que a dentista estava trabalhando neste dia.
“Na verdade, isso se trata de um #tbt, a repostagem de uma foto passada. Isso é comum nas redes sociais, as pessoas publicarem fotos antigas”, explicou Tiago.
“Não me parece que seja medida justa que o benefício seja revogado com base em uma suposta foto. É importante ressaltar que a defesa possui comprovantes, demonstrando que na data de 27/07/2021 – data em que foi alegado o descumprimento da domiciliar – minha cliente estava trabalhando. (...) É possível comprovar de por meio de agendamentos feitos no dia, atendimentos de pacientes no dia”, apontou.