Apesar de ter sido descoberta recentemente, a espécie Agojie rupícola já enfrenta uma crítica ameaça de extinção
No cenário das montanhas do leste de Minas Gerais, Brasil, pesquisadores nacionais realizaram expedições como parte de um projeto destinado a estudar os ecossistemas rochosos da Mata Atlântica. Essas viagens revelaram a descoberta de uma espécie de borboleta até então desconhecida, batizada como Agojie rupicola. No entanto, essa nova espécie já enfrenta uma ameaça crítica de extinção.
O anúncio da descoberta foi feito em um artigo científico publicado na revista Zootaxa, contando com a contribuição de pesquisadores do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), e da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), conforme a Galileu.
A Agojie rupicola chamou a atenção do entomólogo Danilo Cordeiro, do INMA, durante uma das expedições. A borboleta, com suas asas de tonalidade castanho-avermelhada, foi coletada e encaminhada para Thamara Zacca, professora do Departamento de Entomologia do Museu Nacional da UFRJ. Depois de minuciosos estudos, ficou claro que essa espécie possuía características únicas, justificando a criação de um novo gênero.
As coleções científicas são valiosas fontes de conhecimento sobre a biodiversidade. A coleção entomológica do Museu Nacional era uma das maiores e mais antigas do Brasil, sendo uma referência nacional e internacional. Reconstruir essa coleção é fundamental para ampliar o nosso conhecimento sobre as espécies brasileiras. Uma vez incorporados à coleção, os espécimes podem ser estudados e identificados por especialistas, como é o caso dessa borboleta, gerando subsídios para diversas descobertas e pesquisas em outras áreas, como a saúde e a agricultura”, explica Zacca.
A escolha do nome Agojie rupicola foi um tributo às guerreiras Agojie do reino de Daomé, na África Ocidental, e à localização onde foi encontrada: os ambientes rochosos da Mata Atlântica. Conhecida tanto cientificamente quanto popularmente como "borboleta-guerreira-das-pedras," essa espécie recém-descoberta já enfrenta sérias ameaças, incluindo desmatamento, incêndios e a invasão de seu habitat por gramíneas africanas.
Essa descoberta se originou do estudo de 250 borboletas e mariposas doadas pelo INMA ao Museu Nacional/UFRJ em 2022. Essa contribuição visou auxiliar na reconstrução da coleção científica do Museu, que sofreu perdas substanciais devido a um incêndio devastador em setembro de 2018.