A empresa, responsáveis por significativos avanços na tecnologia aeroespacial brasileira, seria vendida por um preço abaixo do valor estimado
No dia de hoje, 25, a empresa estadunidense Boeing confirmou oficialmente a rescisão do contrato de compra da brasileira Embraer, em que se pretendia criar uma joint-venture na área de aviação e produção do KC-390 (maior avião da América Latina, criada pela empresa para a Força Aérea) através de uma venda subfaturada, apesar de bilionária. O anúncio foi realizado no dia seguinte à ação, que ocorreu na data-limite (dia 24 de abril) permitida.
Segundo a empresa. A Embraer não atendeu às condições necessárias para a venda. “A Boeing trabalhou diligentemente nos últimos dois anos para concluir a transação com a Embraer”, afirmou Marc Allen, presidente da Boeing-Embraer, em comunicado.
“Há vários meses temos mantido negociações produtivas a respeito de condições do contrato que não foram atendidas, mas em última instância, essas negociações não foram bem-sucedidas. O objetivo de todos nós era resolver as pendências até a data de rescisão inicial, o que não aconteceu. É uma decepção profunda. Entretanto, chegamos a um ponto em que continuar negociando dentro do escopo do acordo não irá solucionar as questões pendentes”, completou.
A empresa dos EUA já havia indicado que o cenário era desfavorável à compra, e é entendido que a Embraer já sabia da desistência. Devido à crise mundial causada pela pandemia do coronavírus e pela situação precária da economia no Atlântico Norte, até Donald Trump pressionou para o recuo, levando em conta das dificuldades financeiras da Boeing. O acordo de pagamento de US$ 4,2 bilhões (próximo ao valor do Copacabana Palace) foi suspenso, num momento em que já se diminuiu a demanda pela fabricação de caças à empresa estadunidense.
Desde 2019, unidades políticas vêm criticando e agindo na Justiça contra a venda da Embraer para a empresa estrangeira, considerando a ação nada estratégica e prejudicial à soberania nacional, à defesa e a uma das mais importantes empresas do Brasil, responsável por importantes tecnologias, sendo a única empresa nacional com capacidade de engenharia reversa para produção de aviões altamente sofisticados.
Líder dessa questão, o político brasileiro Ciro Gomes (PDT) entrou com um processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (que havia aprovado a transação) em outubro do ano passado, contra a venda, alegando abuso de poder econômico e prejuízos irresponsáveis à indústria aeroespacial brasileira, que teria perdas iniciais e ainda criaria barreiras à criação de novas agencias.