O caso ocorreu na última sexta-feira, 23, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo
Na última sexta-feira, 23, um professor de educação física que dava aulas de maneira irregular recebeu um mata-leão durante abordagem de guardas civis metropolitanos na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
Em vídeo que circulou nas redes sociais, é possível ver a vítima, Felipe Francisco, 27, discutindo com a equipe da GCM (Guarda Civil Metropolitana) no interior de uma quadra poliesportiva. Logo em seguida, ele é segurado por quatro agentes.
Em entrevista ao UOL, Francisco disse que estava dando um treino individual de futebol quando agentes chegaram em uma viatura e acabaram com uma aglomeração existente em uma quadra ao lado da que ele utilizava. O educador físico, no entanto, teria recebido autorização dos profissionais para continuar com a aula.
Contudo, Francisco conta que cerca de 15 minutos depois, um outro veículo, da GCM, chegou ao local pedindo que ele encerrasse o treino, já que atividades esportivas estariam proibidas até aquela sexta-feira, conforme o decreto municipal.
Segundo declarou Felipe, "eles [os guardas] já chegaram colocando a mão no meu material, que eu deveria sair dali, porque já tinha ido outra viatura dispersar a aglomeração e não tinha saído. Aí eu falei que era mentira, porque a primeira viatura me autorizou a continuar dando aula, o agente foi sensato comigo e teve empatia, porque deixou dar aula. Eles não tinham argumentação de aglomeração para me tirar."
"Eles [guardas] falaram que ou eu ia embora ou eu iria para delegacia. Eu falei que iria embora. Agachei para pegar minhas coisas que estavam no chão. Só que um dos guardas disse que eu não iria embora, porque me levaria para a delegacia. Ele teve um surto, porque não tinha ninguém ameaçando de pôr a mão, nem os outros guardas, mas esse [que falou comigo] começou a me agredir de forma física”, prosseguiu.
Segundo o boletim de ocorrência, os agentes que realizaram a abordagem afirmaram que usaram da força física moderada porque o homem teria tentado mordê-los e que pediram para que Francisco deixasse a quadra por estar utilizando um espaço público para desempenhar atividade remunerada e causando aglomeração, mas que ele teria se recusado.
"Ele tentou me dar um mata-leão, me esquivei na primeira. Ele tentou me dar uma rasteira, chutando meu tornozelo. Aí já chegaram os outros guardas e começaram a acompanhar a ação deste primeiro guarda. Foi despreparado, um verdadeiro abuso de autoridade e poder, força excessiva. Eles não podem dar um mata-leão em qualquer pessoa e eles fizeram isso comigo. Falei para eles que quase tiraram minha vida, porque eu não tinha ar para me debater. Foi uma situação muito delicada,” finalizou.
A GCM comunicou, em nota, que o caso está sendo apurado, mas destacou que é necessário que todas as pessoas entandam a necessidade de obedecer aos decretos para evitar aglomerações durante a pandemia.