Após acordo com TSE, militares farão apuração paralela nas eleições; impulsionados por desconfiança de Bolsonaro
Pela primeira vez na história da democracia brasileira, técnicos das Forças Armadas acompanharão em tempo real a totalização de votos feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Desta forma, grupos militares ficarão espalhados em seções eleitorais em diversas partes do país. Quando as apurações começarem, eles terão acesso aos QR Codes de 385 boletins de urna — que terão seus códigos enviados ao Comando de Defesa Cibernética do Exército, em Brasília. O órgão, então, fará um processo paralelo da contagem da amostragem.
Em entrevista à Folha de São Paulo, militares com conhecimento no assunto alegaram que o exercício garantirá, pela contagem dos especialistas, uma confiabilidade de cerca de 95% dos votos. A medida foi acordada com o presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, em uma reunião no último dia 31 de agosto.
A fiscalização dos militares na apuração das votações é mais um dos artifícios usados pelo presidente Jair Bolsonaro para expor sua desconfiança nas urnas eletrônicas, contestar o resultado das eleições e voltar a defender o uso do voto impresso, aponta a Folha.
O último contato com o ministro da Defesa, junto com o ministro Alexandre de Moraes, o que me foi reportado é que com as sugestões das Forças Armadas, caso acolhidas, se reduz a próximo de zero a possibilidade de fraude. Próximo de zero não é zero. O que nós queremos não são eleições limpas?", disse o presidente à Jovem Pan.
"Esse clima de animosidade poderia ter sido resolvido há muito tempo, se o ministro [Luís Roberto] Barroso, [ex-presidente do TSE,] não fosse para dentro da Câmara dos Deputados interferir diretamente numa Proposta de Emenda à Constituição que estava sendo votada e falava do voto impresso", finalizou.