Finalmente foi possível realizar tomografias computadorizadas dos três corpos mumificados misteriosos encontrados em 1615
Três múmias que foram descobertas há mais de 400 anos finalmente tiveram suas tomografias computadorizadas realizadas por cientistas da Itália, Alemanha, Estados Unidos e Egito. Os resultados da pesquisa multidisciplinar foram publicados na última semana na revista científica PLOS One.
As análises realizadas nos corpos embalsamados, encontrados pela primeira vez em 1615 na necrópole de Saqqara, no Egito, revelaram detalhes curiosos sobre os indivíduos mortos há centenas de anos, que tiveram seus segredos, enfim, divulgados. Cobertas por um tecido e decoradas com gesso, agora é possível entender mais sobre os restos mortais.
As múmias eram de um homem, uma mulher e uma adolescente. O primeiro morreu entre os seus 25 e 30 anos e tinha por volta de 1,64 m de altura, além de possuir problemas dentários e ossos quebrados, os últimos provavelmente causados pela pessoa que abriu o sarcófago descuidadamente quando o achou.
Já a mulher faleceu com a idade entre 30 e 40 anos, tendo 1,51 m de altura e artrite avançada em um dos joelhos. Por último, a adolescente morreu entre 17 e 19 anos, medindo 1,56 m. Ela estava usando ainda um grampo em seu cabelo, mas as duas múmias do sexo feminino tinham em comum o uso de vários colares.
Para a líder da pesquisa, Stephanie Zesch, antropóloga do German Mummy Project, na Alemanha, “é emocionante ver esses colares, mas não é inesperado”. "Por causa dessas mortalhas [o papel que embrulhou as múmias] muito preciosas, temos certeza de que esses indivíduos devem ser membros da classe socioeconômica mais alta".
Os três corpos mumificados também tinham mais características em comum. Datando do final do período romano, entre 30 a.C. a 395 d.C., eles foram encontrados em seus túmulos com artefatos valiosos que poderiam ser úteis na vida depois da morte. Um exemplo foram as moedas descobertas, que poderiam servir para pagar Caronte, a divindade responsável pelo transporte das almas.
Zesch também explicou que “o exame dos indivíduos revelou que eles morreram muito jovens, no entanto, a causa da morte dos indivíduos não pôde ser determinada".
Duas das múmias também não tiveram seus cérebros preservados na mumificação — o homem e a mulher —, sendo enterrados com seus órgãos. "Temos certeza de que não houve remoção do cérebro ou dos órgãos internos. É muito provável que essas múmias só tenham sido preservadas por causa de uma espécie de desidratação com o uso do natrão [da mistura dessecante], mas não há uma grande quantidade de líquidos de embalsamamento”, disse a pesquisadora.