Segundo o parlamentar Douglas Garcia, dossiê contêm nomes de “terroristas” que teriam ameaçado as manifestações “pacíficas e ordeiras” que foram feitas em prol do governo na Avenida Paulista
De acordo com o colunista Rogério Gentile, do UOL, o deputado estadual e um dos principais apoiadores da família Bolsonaro em São Paulo, Douglas Garcia (PTB), disse à Justiça que Eduardo Bolsonaro teria entregue à Embaixada dos Estados Unidos uma cópia de um dossiê que possui o nome de militantes antifascistas.
Vale ressaltar que, na semana passada, Garcia já havia sido condenado a indenizar uma mulher por ter seus dados pessoais e particulares inseridos em uma lista de pessoas que, segundo o próprio parlamentar, seriam “terroristas”.
Além do mais, o dossiê teria sido feito de maneira informal, a partir do pedido do deputado nas redes sociais para que denúncias lhe fossem encaminhadas e acrescidas na listagem. Ao todo, o documento teria 56 laudas com dados pessoais — o que inclui fotografias — de quase mil pessoas.
Apesar de negar que tenha participado da elaboração e divulgação da lista, ele admitiu que encaminhou o dossiê para as autoridades. "Os grupos subversivos e violentos 'antifas' atuam em diversos países e, em todos eles, seguem o mesmo modus operandi, que consiste no uso de violência e outros crimes para intimidar, calar e eliminar fisicamente grupos ou indivíduos não alinhados à sua visão política”, disse à justiça.
Em sua petição, Garcia disse que os “antifas” teriam feito convocações para que apoiadores do governo fossem “agredidos” durante as manifestações “pacíficas e ordeiras” que são feitas prol governo na Avenida Paulista, em São Paulo.
Entretanto, o juiz da 45ª Vara Cível Central da Capital, Guilherme Ferreira da Cruz, disse que o deputado não possui quaisquer provas de que as pessoas citadas no dossiê pratiquem crimes e terrorismo, ou hajam de maneira violenta. "A elaboração de dossiês não se relaciona com o exercício normal e regular do mandato legislativo, cujo titular deve se mostrar à sociedade prudente e equilibrado”.
O juiz também cita o tom de deboche que o deputado usou para afirmar que as pessoas que foram incluídas na lista seriam impedidas de visitar a Disneylândia, fazendo alusão que o dossiê foi enviado para a embaixada americana. Garcia informou ainda que "o protocolo junto à Embaixada dos Estados Unidos foi feito pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro”.