Novas declarações de Trump sobre desafiar a Constituição dos EUA foram as mais explícitas até o momento; Carta Magna limita os presidentes a dois mandatos
Donald Trump sugeriu mais uma vez que poderia concorrer a um terceiro mandato, desafiando a regra constitucional que limita os presidentes a dois mandatos consecutivos nos Estados Unidos.
Embora o político já tenha mencionado diversas vezes essa possibilidade, suas mais recentes declarações, feitas neste domingo, foram as mais explícitas até o momento sobre um plano para alcançar esse objetivo.
A bordo do avião presidencial, o bilionário foi questionado por jornalistas sobre a possibilidade de deixar o cargo em 20 de janeiro de 2029, durante a próxima cerimônia de posse presidencial. "Não estou buscando isso, mas digo que mais pessoas me pediram para ter um terceiro mandato", respondeu Trump, segundo a agência de notícias AFP.
Ele acrescentou: "Ainda temos quase quatro anos, é muito tempo, mas, apesar disso, muitas pessoas dizem que tenho que me candidatar novamente. Eles amam nosso trabalho".
Mais cedo, durante uma ligação ao canal NBC, Trump foi convidado a esclarecer os comentários sobre um possível novo mandato e declarou: "Não estou brincando. Existem métodos pelos quais isso pode ser feito".
O presidente iniciou seu segundo mandato com uma série de decretos inéditos e tem contado com o apoio de Elon Musk para desmantelar partes do governo federal. De acordo com Trump, seus apoiadores desejam ainda mais ações nesse sentido.
"Muita gente quer que eu faça isso", disse Trump à NBC News. "Mas, basicamente, digo a eles que temos um longo caminho pela frente; sabem, é muito cedo na administração".
Para que Trump consiga um terceiro mandato, seria necessário reformar a Constituição dos Estados Unidos, o que demandaria uma maioria de dois terços tanto na Câmara dos Representantes quanto no Senado — números que o Partido Republicano não possui atualmente.
Trump afirmou que "ainda é muito cedo para pensar nisso", mas garantiu à NBC que já recebeu propostas que possibilitariam buscar a reeleição. Quando questionado pela emissora sobre um cenário em que o vice-presidente JD Vance concorreria à presidência e depois renunciaria para entregar o cargo a Trump, ele respondeu: "Esse é um método", acrescentando que "há outros", mas preferiu não detalhar.
Se a reforma constitucional não passar pelo Congresso, Trump precisaria do apoio de dois terços dos 50 estados para convocar uma convenção constitucional que propusesse as mudanças necessárias. Em seguida, seria preciso obter a ratificação de três quartos dos estados.
Ambas as alternativas parecem pouco prováveis, considerando o atual cenário político, com o número de estados e congressistas sob controle republicano.
De acordo com a fonte, até hoje, os Estados Unidos nunca realizaram uma convenção constitucional. As 27 emendas já aprovadas passaram pelo Congresso.
