Gleibson Roberto virou celebridade ao acabar com as ‘más impressões’ da função
Há cerca de 10 anos, Gleibson Roberto, hoje com 36 anos, estava em busca de um emprego quando uma oportunidade única surgiu: após prestar um concurso e ficar em terceiro lugar, viu aparecer uma vaga para ser coveiro depois que um dos selecionados não ter "aguentado o tranco” da função.
Mesmo tendo medo de ver cadáveres, aceitou o desafio de trabalhar em um cemitério na cidade de Santo Amaro, no interior de Sergipe. Hoje, Gleibson é muito mais que um simples coveiro, ele se tornou uma verdadeira celebridade nas redes sociais depois que passou a mostrar sua rotina.
Na cidade de pouco mais de 12 mil habitantes, o sujeito descobriu que não há necessidade de temer os mortos, mas sim os vivos, já que no cemitério havia muitos casos de violação de túmulos — o que mudou desde que ele passou a trabalhar lá.
Já acostumado com tudo o que a profissão tem a oferecer, ele foi incentivado por uma prima a mostrar seu dia-a-dia nas redes sociais. Como sempre foi muito estudioso sobre sua função, Gleibson decidiu enfrentar o desafio de desmistificar sua profissão, mostrando procedimentos comuns que faz dentro do cemitério e até mesmo explicando como funciona alguns processos.
Para você ter ideia, eu exumei o meu próprio pai para ter mais espaço e resolvi postar o vídeo nas redes sociais. Foi uma boa oportunidade de mostrar às pessoas como o corpo fica após um tempo, além de explicar todo o processo”, explicou em entrevista à BBC News Brasil.
“Já fiz isso mais de uma vez, sempre com a responsabilidade de não expor a pessoa. Consultei um advogado para ver o que poderia ou não fazer, e agora consigo produzir esse conteúdo com ética, desmistificando uma profissão que sofre com más impressões", prossegue.
Conforme explica, a exumação é o processo que mais desperta a curiosidade das pessoas. Em contrapartida, é um dos mais complicados de se fazer, visto que existem uma série de cuidados a se seguir, já que as gavetas dos caixões podem abrigar insetos, cobras e baratas.
Por conta disso, o coveiro usa todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) necessários, além de ter criado uma técnica para ter o menor contato possível com o cadáver e suas substâncias.
Os vídeos de exumação geralmente despertam mais curiosidade nas pessoas. Um deles bateu mais de 1,5 milhão de visualizações. A gente exuma porque precisa de espaço nas gavetas, para que possamos enterrar mais pessoas”, diz.
“Esse cemitério é o único da área urbana da cidade, então muita gente procura. Tento sempre deixar três ou mais gavetas disponíveis para não passar aperreio. Na época que a pandemia estava forte, infelizmente tivemos que trabalhar todos os dias ininterruptamente", explica.
Mesmo assim, ele revela como consegue conciliar as duas funções: "Quando tem muita coisa para fazer, fica difícil de produzir um conteúdo legal. O que eu tento fazer é planejar os meus dias antecipadamente e ir gravando os conteúdos”.
@coveiroemacao Ossos do corpo. #cemitério#coveiro#profissão#exumação♬ som original - Gleibson roberto
Segundo explica Gleibson, sua prima, aquela que lhe deu o conselho, lhe ajuda colhendo as dúvidas que surgem nos comentários dos vídeos. “Quando tem uma dúvida legal, já fico pensando em como saná-la. Descobri que as pessoas querem esse tipo de conteúdo, mas ele precisa ser feito pensando em cada plataforma. Posto algumas coisas no YouTube, outras no TikTok e em quantidade maior no Kwai, que aceita mais vídeos.”