Uma análise química encontrou um composto raro de metal no quadro do mestre barroco
Eduardo Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 19/01/2023, às 14h32 - Atualizado em 24/01/2023, às 09h03
Rembrandt Harmenszoon van Rijn é considerado um dos maiores pintores de todos os tempos. A obra mais famosa do mestre holandês é A Ronda Noturna, que está preservada há mais de 380 anos. Agora, mais um motivo aparece para a pintura ser estudada e comentada: a presença de acetato de chumbo (II), um composto que nunca havia sido encontrado em telas a óleo históricas antes.
De acordo com informações da revista Galileu, a Operação Night Watch, ou seja, um projeto do Rijksmuseum para restaurar a obra do de Rembrandt, realizou pesquisas e estudos sobre a tela e encontrou um composto que só tinha sido achado uma outra vez, em 2020, num quadro com tintas frescas.
A análise química contou com uma varredura de raios X e retirou micropartículas do quadro para que fossem avaliadas com sondas de raio X síncrotron micro. Essas sondas produzem uma luz muito brilhante que é capaz de revelar a matéria numa escala tão pequena quanto átomos e moléculas. O Brasil tem um Laboratório Nacional de Luz Síncrotron que fica na cidade de Campinas, SP.
O estudo, publicado na revista Angewandte Chemie, aponta para algo que já tinha sido levantado por outras pesquisas sobre Rembrandt, é o fato de ele misturar compostos químicos à sua tinta de maneira proposital. Essa técnica deu uma textura única aos quadros do artista e ajudou a conservá-los até hoje.
A equipe se surpreendeu ao encontrar o chumbo, porque ele foi identificado em áreas onde não haviam pigmentos relacionados ao metal. Isso provavelmente se dá, de acordo com o especialista Victor González do Centro Nacional de Investigação Científica da França, por causa do rápido desaparecimento da substância, o que também explicaria não ter aparecido em outras pinturas de grandes mestres da arte.