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Notícias / Brasil

Comunidade judaica repudia fala de Weintraub que comparou operação da PF com nazismo

O episódio foi um entre os primeiros atos violentos cometidos por agentes do Terceiro Reich contra judeus

Fabio Previdelli Publicado em 28/05/2020, às 09h45

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O ministro da Educação e a reprodução do post no Twitter - Reprodução
O ministro da Educação e a reprodução do post no Twitter - Reprodução

A comunidade judaica repudiou uma postagem feita pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, que comparou uma operação de busca e apreensão feita pela Polícia Federal, em relação ao inquérito das fake news, com um episódio cometido por alemães nazistas contra judeus.

Em seu perfil no Twitter, Weintraub disse que a operação que visa investigar ataques a membros do Supremo Tribunal Federal, o STF, que foi realizada ontem, 27, pela PF será lembrada como a Noite dos Cristais brasileira — um dos primeiros atos violentos cometidos por nazistas contra judeus entre os dias 9 e 10 de novembro de 1938.

"Hoje foi o dia da infâmia, VERGONHA NACIONAL, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!", escreveu o ministro que ainda usou uma imagem nazista para ilustrar sua publicação.

A operação da PF investigou, entre políticos e empresários, diversos aliados do presidente Jair Bolsonaro, o que irritou o ministro. Ao todo, 29 mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes — que foi o responsável por conduzir o inquérito.

A Confederação Israelita do Brasil, por meio de uma nota oficial, condenou a comparação feita pelo ministro. Veja na íntegra o texto publicado:

“Não há comparação possível entre a Noite dos Cristais, perpetrada pelos nazistas em 1938, e as ações decorrentes de decisão judicial no inquérito do STF, que investiga fake news no Brasil. A Noite dos Cristais, realizada por forças paramilitares nazistas e seus simpatizantes, resultou na morte de centenas de judeus inocentes, na destruição de mais de 250 sinagogas, na depredação de milhares de estabelecimentos comerciais judaicos e no encarceramento e deportação a campos de concentração. As ações do inquérito, por sua vez, se dão dentro do ordenamento jurídico, assegurado o direito de defesa, ao qual as vítimas do nazismo não tinham acesso. A comparação feita pelo ministro Abraham Weintraub é, portanto, totalmente descabida e inoportuna, minimizando de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de 6 milhões de judeus, além de outras minorias.”

Já o coletivo Judeus pela Democracia usou o perfil no Twitter para repudiar a fala de Weintraub: “A Noite dos Cristais não foi virtual, mas foi o linchamento real a judeus. O objetivo de hoje foi tentar evitar que novas “noites dos cristais” aconteçam com outros povos e pessoas.”