O mundo já enfrenta um aquecimento de 1,5ºC na temperatura das águas oceânicas, dificultando a sobrevivência principalmente no equador
Uma tentativa desesperada da mãe natureza diante do aquecimento global já está em ação. Espécies de animais e plantas marinhas estão se deslocando para os polos da Terra, se afastando do equador, onde as águas dos oceanos estão especialmente cada vez mais quentes.
Foi exatamente isso que mostrou uma revisão de estudos, publicada no jornal científico Current Biology. A descoberta foi conduzida por pesquisadores das Universidades de Bristol, e Exeter - ambas do Reino Unido. Os especialistas analisaram 540 estudos sobre mudanças nos hábitos de espécies marinhas para investigar quais são os impactos das águas aquecidas para esses seres vivos.
Um total de 300 espécies foram estudadas a fundo, incluindo mamíferos, pássaros e vegetais marinhos. Conforme dados dos últimos 100 anos, as populações de praticamente todas as espécies analisadas estão se reproduzindo bem mais próximo aos polos norte e sul.
Simultaneamente, na região do equador, há menor número de plantas e animais marinhos que se adaptaram às águas quentes. "Nós descobrimos uma mesma tendêndia em todos os grupos de vida marinha que olhamos, desde do plâncton até invertebrados marinhos, e de peixes à aves aquáticas", disse em comunicado o co-autor do estudo, Martin Genner, da Universidade de Bristol.
Estudos recentes apontam que o mundo já passa por um aumento de 1ºC na temperatura das águas oceânicas, em relação aos níveis pré-industriais. Os pesquisadores sugerem que um aumento de 1,5ºC ( como está previsto para 2050) irá dar continuidade às mudanças de habitat das espécies marinhas, comprometendo ainda mais a sobrevivência das mesmas.
Segundo a pesquisadora Louise Rutterford, que também fez parte do estudo, algumas espécies marinhas até conseguem se beneficiar das mudanças climáticas, principalmente aquelas que estão nos polos - porém isso não ocorre no planeta todo. "Enquanto isso, a vida marinha sofre conforme não é possível se adaptar rápido para sobreviver ao aquecimento, e isso é mais visível em populações próximas ao equador", explicou.