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Notícias / Naufrágio

Com mercadorias roubadas: Buscas por naufrágio antigo revelaram navio pirata do século 17

Naufrágio de pirata corsário foi descoberto na costa da Barbária, em Marrocos, e revela curiosa estratégia para se passar por navio comercial

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 06/08/2024, às 10h46

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Restos encontrados em naufrágio do século 17 - Divulgação/Seascape Artifact Exhibits Inc.
Restos encontrados em naufrágio do século 17 - Divulgação/Seascape Artifact Exhibits Inc.

Durante uma expedição subaquática de 2005, caçadores de naufrágios descobriram, nas águas profundas entre a Espanha e o Marrocos, na costa da Barbária, os restos de um pequeno navio pirata do século 17.

Ele teria pertencido a corsários de Argel, sendo essa a primeira descoberta do tipo encontrada "no coração da Barbária", afirma o arqueólogo marítimo e pesquisador do achado, Sean Kingsley, ao Live Science.

Conforme descrito pelos arqueólogos, o navio ainda estava fortemente armado, e possivelmente havia partido rumo à costa da Espanha para capturar e escravizar pessoas, na época em que afundou. Junto aos destroços, havia uma carga de panelas e frigideiras feitas em Argel, no norte da África, que possivelmente serviria para fazê-lo se passar por um navio comercial.

O naufrágio, vale mencionar, foi descoberto em 2005 em meio a buscas pelos restos do antigo navio de guerra britânico HMS Sussex, que se perdeu na região em 1694. O achado foi feito pela empresa Odyssey Marine Exploration (OME), e só foi divulgado recentemente, em um novo artigo de Greg Stemm, fundador do OME e líder da expedição, no Wreckwatch.

Corsários, para quem não conhece o termo, nada mais eram que piratas que, por uma missão ou através de uma autorização do governo, era autorizado a pilhar navios de outra nação. Os corsários berberes, referentes ao achado, eram predominantemente muçulmanos, e começaram a operar por volta do século 15, a partir de Argel, parte do Império Otomano na época.

+ Existe uma diferença entre piratas, corsários e bucaneiros?

Nesse período, uma grande parte da costa ocidental do Norte da África era chamada de "Costa da Barbária", em referência ao povo berbere que ali vivia. Já seus piratas, foram uma grande ameaça na região por mais de 200 anos, atacando navios e capturando escravos, que eram mantidos como reféns ou vendidas para o tráfico de escravos, que operava em alguns países muçulmanos ainda no começo século 20.

As atividades dos corsários berberes, porém, chegaram ao fim ainda no início do século 19, depois que eles foram derrotados pela coalizão entre Estados Unidos, Suécia e o Reino Normando da Sicília, no sul da Itália, nas chamadas Guerras Bárbaras.

Navio corsário

O naufrágio corsário descoberto em questão, foi encontrado no fundo do mar do Estreito de Gibraltar, a cerca de 830 metros de profundidade. A embarcação tinha cerca de 14 metros de comprimento, e seria um tartane — com velas latinas triangulares, presas em dois mastros, e que também poderiam ser impulsionados por remos.

Os tartanes, explica Sean Kingsley ainda ao Live Science, eram muito utilizados por piratas berberes entre os séculos 17 e 18, pois também poderiam ser frequentemente confundidos com navios de pesca. Por isso, outros navios que se aproximassem não suspeitariam da existência de piratas a bordo.

Já vi tartanes descritos como 'navios piratas de baixo nível', o que eu gosto", afirma o pesquisador em e-mail.

O naufrágio corsário foi descoberto com a ajuda de um veículo operado remotamente (ROV), que revelou não só os destroços do navio, como também quatro grandes canhões, 10 armas giratórias e uma série de mosquetes da tripulação, que teria cerca de 20 piratas.

Artefatos encontrados em antigo naufrágio corsário na costa do Marrocos / Crédito: Divulgação/Seascape Artifact Exhibits Inc.
Garrafa de vidro, provavelmente feita na Bélgica ou Alemanha, encontrada em naufrágio / Crédito: Divulgação/Seascape Artifact Exhibits Inc.

"O naufrágio se encaixa perfeitamente no perfil de um corsário berbere em localização e caráter. Os mares ao redor do Estreito de Gibraltar eram os campos de caça favoritos dos piratas, onde um terço de todos os prêmios corsários eram obtidos", explica Kingsley.

Stemm acrescentou, informando que também havia, no navio naufragado, uma "luneta" muito rara. Isso porque o artefato, que era uma novidade revolucionária aos piratas da época, provavelmente foi saqueado de algum navio europeu.

Jogue na mistura submersa uma coleção de garrafas de licor de vidro feitas na Bélgica ou na Alemanha, e tigelas de chá feitas na Turquia Otomana, e o naufrágio parece altamente suspeito", pontua Greg Stemm, listando mais alguns achados no local do naufrágio. "Este não era um comerciante costeiro norte-africano normal".