Em meio a tentativa de atravessar o Canal da Mancha com rumo ao Reino Unido, cinco pessoas morreram; pequeno barco transportava mais de 100 pessoas
Nesta terça-feira, cinco pessoas morreram durante uma tentativa de atravessar o Canal da Mancha, partindo da França com direção ao Reino Unido. Segundo informado pelo gabinete do prefeito em Pas-de-Calais, um pequeno barco "transportando mais de 110 pessoas" partiu de Wimereux, e sofreu as baixas após atingir um banco de areia.
Conforme repercutido pelo The Guardian, as cinco mortes foram de três homens, uma mulher e uma criança, supostamente de apenas quatro anos; além de uma pessoa ferida. Vale mencionar que isso ocorre em meio à crescente de desabrigação de refugiados na França, que sediará os Jogos Olímpicos de 2024.
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Curiosamente, este incidente ocorreu apenas algumas horas depois de o governo de Rishi Sunak, atual primeiro-ministro do Reino Unido, aprovar uma legislação que possibilita a deportação de requerentes de asilo que cheguem ao país em pequenos barcos. Segundo o premiê, essa regulação era necessária para evitar tais incidentes "trágicos", descrevendo isso como uma "questão de compaixão".
É apenas um lembrete da razão pela qual o meu plano é tão importante, porque há um certo elemento de compaixão em tudo o que estamos a fazer", disse ele aos jornalistas, segundo o The Guardian. "Queremos evitar que as pessoas façam estas travessias muito perigosas. Se você observar o que está acontecendo, verá que gangues criminosas estão explorando pessoas vulneráveis."
"Eles estão colocando cada vez mais pessoas nesses botes impróprios para navegar. Temos visto um enorme aumento nos números nos últimos anos. Isto é o que tragicamente acontece quando eles empurram as pessoas para o mar e é por isso que é mais por uma questão de compaixão do que qualquer outra coisa. Devemos realmente quebrar esse modelo de negócios", conclui.
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Somente neste ano, é registrado que mais de 6 mil pessoas já atravessaram o Canal da Mancha, o que representa um aumento de cerca de 25% com relação ao mesmo período do ano passado. Essa passagem é considerada uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo, e é marcada por fortes correntes, o que torna a travessia com embarcações pequenas extremamente perigosas.
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Em Wimereux, Dany Patoux, um voluntário da associação francesa Osmose 62 — que ajuda requerentes de asilo e refugiados no norte da França —, disse em entrevista à emissora de televisão local France 3 que estava presente quando algumas pessoas presentes na falha travessia retornaram à costa. Entre elas, estava o pai da criança que morreu.
Conhecíamos bem a menina. Temos fotos com ela, onde ela abre um grande sorriso na esperança de uma vida melhor. Mas agora está tudo arruinado. O pai dela caiu em nossos braços agora há pouco. Ele está chorando, ele está em um estado terrível. Ele viu sua filha morrer diante de seus olhos", disse Patoux.