A árvore, com cerca de 6,1 metros de circunferência, estava em um terreno arrendado pela rede de restaurantes Toby Carvery
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 15/04/2025, às 19h40
Um carvalho centenário, considerado uma das árvores mais ecologicamente valiosas de Londres, foi derrubado em Whitewebbs Wood, no norte da capital britânica, gerando indignação entre ambientalistas e moradores locais.
A árvore, com cerca de 6,1 metros de circunferência e registrada no Woodland Trust como uma das 100 maiores da cidade, estava em um terreno arrendado pela rede de restaurantes Toby Carvery, operada pela empresa Mitchell and Butlers.
A remoção aconteceu em 3 de abril, mas só veio à tona dias depois, quando residentes denunciaram o corte ao Conselho de Enfield. Muitos classificaram o ato como "devastador".
Segundo a empresa responsável pelo restaurante Whitewebbs House Toby Carvery, a decisão foi tomada após uma avaliação técnica indicar que a árvore apresentava risco à saúde e à segurança.
“Esta foi uma ação essencial para proteger nossos funcionários e hóspedes, com quem temos o dever de zelar”, disse um porta-voz da Mitchell and Butlers à imprensa local. A empresa afirmou ainda que todas as exigências legais foram cumpridas.
No entanto, a justificativa não convenceu especialistas. Lawrence-Thor Stephen, CEO da empresa londrina de arboricultura Thor's Trees (que não esteve envolvida no caso), lamentou profundamente a perda e disse ao Independent que a árvore — estimada em até 500 anos — possuía mais valor ecológico do que o famoso Sycamore Gap, de cerca de 200 anos, derrubado em 2023 na Muralha de Adriano. “É a perda de um tesouro nacional”, afirmou.
A espécie cortada era um carvalho pedunculado (Quercus robur), árvore que serve de habitat para milhares de espécies de aves, insetos e morcegos. “Quando uma árvore antiga cai, é a natureza que fica ferida — e uma comunidade também”, disse Stephen ao The Independent.
A Woodland Trust, uma das principais instituições de preservação ambiental do Reino Unido, classificou o episódio como “devastador” e renovou seu apelo por maior proteção legal às chamadas “árvores vivas lendárias”.
A entidade apoia a aprovação do Heritage Trees Bill, em tramitação na Câmara dos Lordes, que prevê a criação de uma lista nacional de árvores de relevância histórica e ecológica, além de ordens específicas de preservação.
O Conselho de Enfield declarou que não havia sido informado previamente sobre o corte da árvore e, ao tomar conhecimento do fato, acionou a Polícia Metropolitana e realizou uma inspeção no local. Também foi emitida uma ordem de preservação para impedir danos adicionais.
“Vamos garantir que esta história não seja apenas uma história de perda, mas um ponto de virada para a ação”, disse Stephen, em apelo por mudanças estruturais na forma como as árvores antigas são protegidas no país.
