Os documentos mostram que, em 1975, o governador-geral australiano, John Kerr, agiu pelas costas da rainha
Um dos momentos mais controversos da história australiana ficou menos nebuloso. Existe uma teoria especulativa que diz que a rainha Elizabeth II, em 1975, teria ordenado a saída do primeiro-ministro australiano, Gough Whitlam. No entanto, cartas trocadas entre Vossa Majestade e o então governador-geral da Austrália, John Kerr, mostram que esse não foi o caso.
Os documentos foram divulgados nesta terça-feira,14, pelo Arquivo Nacional da Austrália, e revelam que a rainha não foi avisada da saída do primeiro-ministro. O governador-geral era representante da coroa, mas ocultou tudo da monarca. A decisão, no entanto, era crucial para a política australiana.
Visto isso, a demissão foi bem polêmica. Whitlam tinha falhado em aprovar um orçamento com o Parlamento e estava encurralado politicamente. Ele, no entanto, não quis renunciar e nem convocar uma nova eleição. Acabou, como sabemos, sendo demitido — pelas costas da rainha.
Como resultado, uma grande crise constitucional começou, levando muitos a pedirem que a nação rompesse seus laços constitucionais com a Grã-Bretanha e iniciasse uma república. Atualmente, no entanto, Elizabeth II continua sendo chefe de estado da Austrália.
Em 1975, quando John Kerr tomou a decisão de demitir o líder do Partido Trabalhista sem informar a rainha, ele registrou no dia 11 de novembro aquele seu passo sem precedentes.
Conforme as cartas divulgadas, ele escreveu: "devo dizer que decidi dar o passo que dei sem informar o Palácio com antecedência, porque, de acordo com a Constituição, a responsabilidade é minha, e eu acreditava que era melhor que Sua Majestade não soubesse com antecedência, embora seja é claro que tenho o dever de dizer a ela imediatamente", anotou.