Documento foi encontrado por britânica em peça de roupa recém-adquirida durante a última Black Friday; entenda!
Uma moradora de Derbyshire, na Inglaterra, teve uma surpresa nada agradável ao receber seu casaco, da marca britânica Regatta, comprado durante última Black Friday. Com a chegada do produto, no último dia 22, ela logo percebeu um objeto rígido e retangular em uma das mangas; o que restringia o movimento de seu cotovelo.
Incomodada, ela cortou parte do forro e descobriu um cartão de identidade que parece pertencer a um prisioneiro chinês. O episódio levantou preocupações de que as roupas da marca tenham sido fabricadas com mão-de-obra prisional.
Segundo o The Guardian, o cartão de identificação apresenta a foto de um sujeito — que não teve a identidade revelada — com um uniforme prisional em frente a uma tabela de altura. O documento, que também apresenta o nome da prisão na China, foi encontrado dentro de um suporte de plástico com as palavras: "Produzido pelo departamento penitenciário do Ministério da Justiça".
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Após o ocorrido, a cliente entrou em contato com a Regatta, enviando no bate-papo uma foto da carteirinha. O atendente lhe respondeu de forma espantada: "Uau, isso é a primeira vez".
Quando questionou se era uma identificação de prisão, o suporte respondeu: "Não, é uma identificação de trabalho chinesa, da nossa fábrica na China. Mas você tem razão, parece uma identidade de prisão". O atendente então disse à mulher para se desfazer da identidade.
Apesar de receosa, ela acabou acatando o pedido e "não pensou mais nisso". Mais tarde, naquela noite, a empresa ainda lhe enviou um e-mail pedindo que ela devolvesse a identidade; dizendo ainda que substituiria seu casaco — que agora tinha um buraco na manga — por uma peça nova "como um gesto de boa vontade".
A mulher recusou a oferta, mas recuperou o cartão do lixo. A Regatta nega que tenha sido oferecido um casaco novo em troca da carteira de identidade.
Não me sinto muito confortável com isso… sei que é legal na China, e temos padrões diferentes e coisas assim no Reino Unido, mas ainda não se espera que os prisioneiros façam roupas", disse a mulher ao The Guardian.
Em comunicado, a Regatta apresentou uma declaração sobre a escravidão moderna, apontando que "o trabalho forçado ou de presos é proibido" em sua cadeia de fornecimento e é membro da Iniciativa de Comércio Ético. O texto também afirma que 70 fábricas foram auditadas em 2022-2023, embora não esteja claro quantas estavam na China.
A Regatta Ltd levou muito a sério o incidente relatado a nós por um cliente e uma investigação imediata foi iniciada", disse um porta-voz da empresa.
Embora o casaco tenha sido feito na China, as informações no site da companhia — e em um QR Code na própria peça — também indicam que Mianmar é um país de fabricação do produto, feito em julho de 2023.
Por fim, o veículo britânico reitera que o uso de trabalho prisional é onipresente na China, onde a lei penitenciária afirma: "As prisões implementam os princípios de combinar punição e reabilitação, e combinar educação e trabalho para criminosos, de modo a transformar criminosos em cidadãos permanentes".
O presídio, identificado na carteira de identidade encontrada no casaco, informa em seu site oficial que é especializado na produção de roupas e no processamento de componentes eletrônicos. Por lá, os prisioneiros da província costumam receber entre 1 e 1,5 yuans (entre R$0,70 e R$1,05) por hora.