Essas raças eram semelhantes ao de algumas espécies que conhecemos hoje em dia, como os pequineses e os chihuahuas
Uma pesquisa feita por arqueólogos da Universidade de Granada (UGR), na Espanha — que tiveram a ajuda de cientistas do Instituto Andaluz de Ciências da Terra e do Instituto de História da CSIC, em Madri —, revelou que os romanos já tinham cães de pequeno porte como seus animais de estimação há mais de 2 mil anos.
Os especialistas acreditam que esses cães eram semelhantes ao de algumas espécies que conhecemos hoje em dia, como os pequineses e os chihuahuas. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 23, pela equipe da UGR.
A pesquisa apresenta um estudo zoarqueológico, osteométrico, paleopatológico e bioquímico de isótopos, relacionado a vários enterros de cães encontrados na necrópole romana de Llanos del Pretorio, fora dos muros de Roman Cordoba e relacionados a quase setenta enterros humanos.
"Em particular, destaca-se um cachorro pequeno (com pouco mais de 20 centímetros de altura), membros encurtados e nariz achatado, que encontramos em uma cova ao lado de enterros humanos de crianças", explicou Rafael Martínez Sánchez, do Departamento de Pré-História e Arqueologia da Universidade de Granada e principal autor da pesquisa.
A descoberta constitui um dos mais antigos casos reconhecidos de cães micromórficos em todo o Império Romano. Apesar de ser difícil conhecer a aparência externa desse animal apenas pelos ossos — como a espessura do pelo, cor da pelagem ou a morfologia das orelhas — sabe-se que sua estrutura esquelética é semelhante às atuais raças de pequeno porte.
A existência de cães pequenos como animais de estimação é conhecida desde a antiguidade clássica. O fato é corroborado por textos, epigrafia e iconografia, destacou Sánchez. Autores clássicos como Plínio, o Velho e Cláudio Eliano citam o gosto das classes urbanas por esses animais, dos quais até epígrafes funerárias passaram a ser conhecidas não muito diferentes das conhecidas por servos ou escravos amados.
A descoberta, entre outros exemplos, de um animal pequeno com um crânio braquicefálico em uma necrópole da primeira metade do século 1 d.C. no sul da Hispânia abre novas interpretações sobre o papel desse tipo de animal nas relações entre cães e humanos no início de nossa era no mundo romano ocidental e suas implicações simbólicas nos rituais fúnebres.