Relato de Boris johnson foi feito em documentário da BBC; Rússia nega história
Boris Johnson, ex-primeiro ministro britânico, sempre foi uma figura política bastante controversa. Ainda assim, devido a importância política que tinha quando exercia o cargo, além de todo o tempo em que ocupou a função de premiê do Reino Unido, de 2019 até 2022, já esteve envolvido — ou quase — em diversos grandes momentos da política global, tendo revelado recentemente uma ameaça advinda de outro líder polêmico: o presidente russo, Vladimir Putin.
De acordo com o ex-premiê, em um documentário da BBC, Putin o "ameaçou de certa forma" antes mesmo de ter iniciado a invasão à Ucrânia, dizendo-lhe que "um míssil levaria um minuto" para chegar ao Reino Unido, partindo da Rússia. O Kremlin, no entanto, nega a afirmação de Johnson.
De acordo com texto da AFP ao UOL, no documentário — dividido em três partes e que terá o primeiro episódio exibido na noite desta segunda-feira, 30, na BBC Two — Boris Johnson relata sua "muito longa" e "extraordinária" conversa, por telefonema, com o presidente russo após sua visita a Kiev, capital da Ucrânia, em fevereiro do ano passado, pouco antes do início da invasão ao território ucraniano.
O ex-primeiro-ministro conta que Putin dizia não ter intenções de invadir a Ucrânia, embora o fluxo de militares nas regiões de fronteira entre Rússia e Ucrânia fosse intenso na época. E, pensando em evitar uma situação semelhante a que de fato aconteceu, Johnsonalertou o russo sobre as fortes sanções que sofreria, caso iniciasse a invasão.
Então, ele conta que Putin lhe disse: "Boris, você diz que a Ucrânia não vai se unir tão cedo à Otan (...) O que quer dizer com 'tão cedo'?" Em resposta, Johnson — que apoia os ucranianos desde o início do conflito — disse "que não vai se unir à Otan em um futuro próximo, você sabe muito bem disso".
Em certo momento, de certa forma me ameaçou e disse: 'Boris, eu não quero lhe fazer mal, mas com um míssil, levaria um minuto' ou algo assim", acrescentou o ex-premiê.
"Penso que levando em conta o tom descontraído que reinava, o distanciamento que parecia ter, ele não levava em conta as minhas tentativas de levá-lo a negociar", prosseguiu.
Em comunicado, o porta-voz russo Dmitry Peskovnegou a acusação feita por Boris Johnson, dizendo que ele mentiu e que esse tipo de ameaça nunca tinha acontecido, de fato.
Já o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, conta no mesmo documentário da BBC que, na época, ficou incomodado com as atitudes de Boris Johnson e outros ocidentais. "Se vocês sabem que amanhã a Rússia vai invadir a Ucrânia, por que não me oferecem hoje o necessário para impedi-lo? Se não podem, vocês mesmos o impeçam", disse.