Fundador da Future Electronics, o empresário Robert G. Miller é acusado de ter operado uma 'rede de sexo' entre 1994 e 2016
O bilionário Robert G. Miller, fundador da Future Electronics, foi obrigado pela Justiça canadense a ceder duas de suas casas avaliadas em US$ 2 milhões, localizadas em Montreal, para custear parte de um processo de abuso sexual movido por quatro mulheres. A decisão veio após preocupações das autoras da ação de que Miller pudesse tentar ocultar bens enquanto as investigações contra ele avançam.
Miller, que enfrenta acusações de abuso sexual contra mais de 50 mulheres — muitas delas menores de idade à época —, teria operado uma "rede de sexo" entre 1994 e 2016, segundo a imprensa canadense. De acordo com informações do portal O Globo, as vítimas relataram terem sido recrutadas, recebendo dinheiro e presentes em troca de relações sexuais com o empresário. Os abusos teriam ocorrido principalmente em hotéis de Montreal.
Em fevereiro de 2023, Miller deixou o cargo de CEO da Future Electronics, e em maio foi preso sob a acusação de explorar sexualmente ao menos dez pessoas, além de ser formalmente indiciado por 21 crimes. À época, ele negou as acusações, prometendo "proteger sua reputação, lutar pela verdade e refutar falsas alegações".
No mês seguinte, a Future Electronics foi vendida à WT Microelectronics por US$ 3,8 bilhões. Segundo a Forbes, Miller possuía uma fortuna estimada em US$ 2,6 bilhões até esta quinta-feira.
Nos processos em andamento, um juiz do Tribunal Superior de Quebec destacou que Miller frequentemente registrava bens e contas bancárias em nome de terceiros. "É preocupante notar que Miller, um bilionário, não tem conta bancária em seu nome", afirmou o juiz Serge Gaudet.
Além do processo envolvendo as quatro vítimas, outra ação judicial foi movida por mais de 50 mulheres, que relataram abusos entre 1996 e 2006. Documentos judiciais indicam que Miller recrutava adolescentes para um "sistema planejado de exploração sexual", oferecendo dinheiro e presentes em troca de relações. Uma das vítimas revelou que tinha apenas 14 anos quando conheceu Miller e que foi abusada mais de 30 vezes ao longo de dois anos.
Atualmente, Miller enfrenta problemas de saúde, estando acamado devido ao avanço do Parkinson. Seus advogados têm solicitado adiamentos nos processos criminais, mas os casos devem voltar a ser analisados em dezembro pela Justiça canadense.