Estudo sobre o tema foi publicado no periódico Environmental Science
O aumento do ruído nos oceanos devido às mudanças climáticas já está impactando a vida marinha, conforme indicado por uma pesquisa publicada em 10 de outubro no periódico Environmental Science. As contínuas emissões de gases do efeito estufa estão resultando em uma acidificação das águas oceânicas, juntamente com o aumento da temperatura, influenciando a transmissão de sons subaquáticos.
Segundo Luca Possenti, oceanógrafo do Instituto Real de Pesquisa Marinha dos Países Baixos (NIOZ), na Holanda, "em alguns lugares, até o final deste século, o som dos navios, por exemplo, será cinco vezes mais alto", interferindo assim no comportamento de diversas espécies marinhas.
A pesquisa, realizada em colaboração com a Universidade de Utrecht e a Organização Holandesa para Pesquisa Científica Aplicada (TNO), utilizou modelagem matemática para analisar cenários climáticos extremos e moderados, conforme indicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU. As informações são da revista Galileu.
Em um cenário moderado, prevê-se um aumento de 7 decibéis nos níveis de som subaquático até o final do século no norte do Oceano Atlântico. Mudanças nas correntes oceânicas e nas camadas de temperatura poderiam resultar na formação de um "canal sonoro", aumentando a propagação de sons por distâncias maiores.
Esse aumento de 7 decibéis equivale a quase cinco vezes mais energia sonora subaquática, intensificando os sons provenientes de atividades como pesquisas sísmicas com armas de ar comprimido e o tráfego marítimo, que tende a crescer com o aumento esperado no número de navios no oceano.
Possenti enfatizou que, dada a comunicação subaquática entre peixes e mamíferos marinhos, essas mudanças afetarão todo o ecossistema, tornando crucial o entendimento dos efeitos das condições subaquáticas sobre a velocidade do som para compreender plenamente o impacto das mudanças climáticas na vida marinha.
