Arqueólogos encontraram registros de arte rupestre em uma cadeia de rochas do Cerro Azul, na Serranía de la Lindosa, uma área de Floresta Amazônica na Colômbia
Arqueólogos encontraram registros de arte rupestre em uma cadeia de rochas do Cerro Azul, na Serranía de la Lindosa, uma área de Floresta Amazônica na Colômbia.
A pesquisa, realizada por uma equipe internacional da Universidade de Exeter, da Universidade de Antioquia, Medellín, e da Universidade Nacional da Colômbia, foi publicada no Journal of Anthropological Archaeology.
Em comunicado, o professor de Arqueologia no Departamento de Arqueologia e História de Exeter, Mark Robinson, explicou que a partir destes sítios de arte rupestre é possível compreender como esses primeiros habitantes "entendiam seu lugar no mundo e como formavam relacionamentos com os animais".
O contexto demonstra a complexidade das relações amazônicas com os animais, tanto como fonte de alimento quanto como seres venerados, que possuíam conexões sobrenaturais e exigiam negociações complexas por parte dos especialistas em rituais”, afirmou em nota.
Descobriu-se uma dieta variada, incluindo peixes, tartarugas, cobras e crocodilos. “Eles tinham um conhecimento íntimo dos vários habitats da região e possuíam as habilidades necessárias para rastrear e caçar animais e colher plantas de cada um, como parte de uma ampla estratégia de subsistência", pontuou Javier Aceituno, da Universidade de Antioquia, em comunicado.
Segundo os arqueólogos, curiosamente, embora restos de peixes sejam abundantes nos vestígios arqueológicos, sua representação na arte rupestre é rara, aparecendo em apenas dois painéis, aparentemente em cenas de pesca.
Além disso, a ausência de grandes felinos, como as onças-pintadas, surpreendeu os especialistas, considerando sua importância como predadores no bioma.
Isso levou a equipe a especular que a arte não retratava apenas o cotidiano, mas também aspectos mitológicos desses grupos. Desenhar poderosas feras amazônicas poderia ser visto como um mau presságio, por exemplo.
Os pesquisadorem ressaltaram que a hipótese mitológica é reforçada pela presença de figuras teriantrópicas nos painéis, mostrando personagens que combinam características humanas e animais, como aves, anfíbios e mamíferos. Em várias comunidades indígenas, a transformação entre espécies ainda é parte de sua cultura e crenças.