Após vender meias consideradas ofensivas por muçulmanos, três lojas de rede de conveniência da Malásia foram atacadas com coquetéis molotov na última semana
Na última semana, três lojas de uma rede de minimercados de conveniência da Malásia foram atacadas com coquetéis molotov, em um caso raro de violência que vem chamando atenção de autoridades do país. A razão por trás dos ataques seriam algumas meias vendidas nas lojas, com a palavra "Alá" escrita nelas.
Conforme noticia o The Guardian, uma das lonjas da rede KK Super Mart — a segunda maior franquia de conveniência do país —, localizada na cidade de Kuching, foi atacada no último domingo, 31 de março; no dia anterior, um outro ataque também foi registrado em Pahang, na costa leste do país, e em 26 de março uma outra loja também foi alvo, mas o molotov não chegou a pegar fogo.
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Felizmente, em nenhum dos incidentes ocorreram feridos, mas ainda assim eles seguem sendo investigados pela polícia. Os ataques teriam começado depois que fotografias de meias com a palavra "Alá" de uma das lojas viralizaram nas redes sociais, o que indignou comunidades muçulmanas, que consideram o uso do nome de seu deus em associação com pés algo ofensivo.
Chai Kee Kan, CEO da KK Super Mart, e sua esposa, diretora da empresa, foram acusados na última semana de ferir sentimentos religiosos, bem como outros três funcionários do fornecedor Xin Jian Chang, acusados de encorajar a ação. Agora, todos os cinco acusados se declaram inocentes, mas ainda estão sob risco de pegarem até um ano de prisão, serem condenados a pagar multa, ou ambas as punições.
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De qualquer forma, ambas as empresas pediram desculpas, e disseram que apenas 14 pares dessas meias foram encontrados nas prateleiras das três lojas atacadas. No entanto, outras fontes afirmam que as peças eram parte de um carregamento bem maior, com mais de 18 mil pares encomendados da China.
Nos últimos tempos, o uso da palavra "Alá" — o único e máximo deus no Islamismo — vem sendo razão para uma série de controversas na Malásia, em processos judiciais que debatiam se ela poderia ser usada ou não por cristãos em seus cultos religiosos. Vale mencionar que dois terços da população do país é muçulmana.
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Porém, com a venda das meias mencionadas, o clima no país ficou ainda mais tenso. "Muitas pessoas atribuem isto a anos de segregação por raça e religião, bem como ao crescente número de instituições islâmicas, incluindo escolas, que construíram uma mentalidade mais conservadora na sociedade", pontua por fim James Chai, pesquisador visitante do Instituto Iseas-Yusof Ishak, em Cingapura, ao The Guardian.