O rapaz participou da guerra contra a Ucrânia e fez parte do grupo Wagner, da Rússia, chamando atenção por relatos cruéis
Um testemunho recentemente publicado por um ex-mercenário russo chocou o mundo ao relatar detalhes de sua fuga para a Noruega. O relato pode ser de extrema importância para as autoridades que investigam crimes de guerra, além de que espiões ocidentais possam também querer conversar com o homem.
Andrey Medvedev, 26, foi desertado do grupo Wagner dois meses antes de fugir para a Noruega. O grupo, fundado em 2014 pelo empresário Yevgeny Prigozhin, responde por cerca de 10% das forças da Rússia na Ucrânia e já realizou operações em Mali, na Síria e na Líbia. Pouco se sabe como como o grupo opera financeiramente, mas é conhecido por seus métodos desumanos.
Em um vídeo divulgado pelo grupo russo de direitos humanos Gulagu.net, o ex-comandante do Wagner afirma que conseguiu passar a fronteira com a Noruega, e que, enquanto corria, os soldados russos que o perseguiam se aproximavam, segundo a BBC, via UOL.
O rapaz disse que escalou o arame farpado da fronteira por volta das 2 da manhã (horário local) da sexta-feira (18 de janeiro). Segundo ele, enquanto subia, ouvia cachorros atrás dele e quando foi flagrado pelos holofotes, ouviu balas russas passando ao seu lado.
Medvedev correu em direção a uma floresta, esperando encontrar ajuda e viu luzes de um pequeno povoado à distância. Sem olhar para trás, com medo de estar sendo perseguido pelos cães, o rapaz bateu na primeira porta que encontrou. Ele foi detido pouco depois por guardas noruegueses da fronteira.
O fundador da Gulagu.net, Vladimir Osechkin, contou à BBC que após servir durante um curto período no Exército Russo, Medvedev foi preso, em 2017, mas seu crime não é conhecido. O rapaz assinou um contrato de 4 meses com o grupo Wagner para operar na invasão da Ucrânia, com um alto salário.
Medvedev foi nomeado comandante de unidade na região leste de Donbass por ter experiência militar. O jovem deixou o Wagner após testemunhar os “métodos terroristas” do grupo. "Ele me deu testemunho sobre o que viu na guerra e como as forças especiais do Grupo Wagner matam russos que não querem lutar contra a Ucrânia”, disse Osechkin.
No momento, o ex-mercenário permanece sob custódia em Oslo, esperando o resultado de seu pedido de asilo, longe de todo o conflito que mudou sua vida e o colocou nas manchetes de diversos jornais do mundo.