Lançada pelo Prime Vídeo em junho, a série 'Dom' retrata a vida do criminoso carioca, mas não foi bem recebida por seus familiares
Em junho deste ano, o Prime Vídeo, da Amazon, lançou a série 'Dom', que retrata a história real de Pedro Machado Lomba Neto, mais conhecido como Pedro Dom. Para a família do carioca, todavia, a produção desenterrou uma narrativa bastante dolorosa.
Em suas redes sociais, por exemplo, a irmã de Pedro, Erika Grandinetti, afirmou que o seriado teve um forte impacto em sua família. Os parentes de Dom estão até movendo um processo contra o Prime Vídeo e a Conspiração Filmes para tirar a série do ar.
Foi apenas depois de tudo isso que Breno Silveira, o diretor da produção, se manifestou sobre o caso e respondeu às acusações de Erilka, segundo o UOL. Em uma carta ao elenco da série — documento que foi divulgado pela colunista Patrícia Kogut —, o cineasta afirmou que as declarações da mulher foram "imprecisas e complicadas".
Em constante defesa do seriado, Breno ainda pontuou que criou a trama com base na vida de Pedro Dom, um jovem da classe média que assaltava mansões no Rio de Janeiro, para retratar um "problema social e familiar que acontece mais do que imaginamos".
Logo no começo da carta, então, Breno revela que ficou bastante triste com o posicionamento de Erika, apesar de compreender a reação da filha de Victor Dantas, o pai de Pedro Dom. “Fiquei muito surpreso e triste hoje”, iniciou o diretor.
Quando tive contato com essa história pela primeira vez, foi o próprio Victor que a trouxe até mim. Um pai e uma filha querendo contar sua própria história”, narrou Breno. “Do outro lado, uma mãe e uma outra filha não querendo falar sobre essa mesma história. Infelizmente, uma família rompida.”
Para Nídia Sarmento, a mãe de Pedro Dom, contudo, “é muita dor” viver com a série sobre seu filho. “São 16 anos que eles não deixam enterrar meu filho. É como se tirassem ele da cova e esfregassem na minha cara”, explicou ela, ao Notícias da TV, da UOL.
Acontece que, segundo Breno, houve um acordo entre a família de Pedro Dom e a produção do seriado. "Sempre achei que pai e filha tinham o direito de querer levar essa história adiante, e assim foi feito. Os acordos foram devidamente realizados”, explicou.
Eles tiveram grande parcela de contribuição nessa narrativa, acompanhando a construção desse roteiro”, narrou Breno. “Pai e filha são sócios do livro que foi base da série. Um livro que nunca foi contestado antes por nenhum dos dois lados partes dessa família.”
Pontuando que "toda a história é contada a partir de um ponto de vista, o ponto de vista que chegou a mim", Breno deixou claro, ainda no texto da carta, que “parte dos frutos dessa obra foram destinados ao futuro do filho que o Pedro deixou ainda bebê, como acordado com Victor e sua filha mais nova”.
Para Erika Grandinetti, contudo, existe outra característica da produção que incomoda bastante. Enquanto narra a trajetória de Pedro Dom (Gabriel Leone) no mundo dos crimes, a série ainda representa Victor de uma forma que ela diz nunca ter existido.
Em seu Facebook, a irmã de Pedro afirmou que seu pai jamais fez o papel de herói que é mostrado pela produção. “Meu pai cuspia no chão de dentro de casa, era violento quando brigava com a minha mãe. Enquadrava ela como se estivesse falando com um estuprador. Este é o Victor Dantas”, revelou Erika.
“Toda intimidação e violência que meu irmão praticou foi aprendida com o pai. Esse pai herói nunca existiu”, finalizou a irmã de Pedro Dom, que faleceu em meados de 2005. “Meu irmão sempre sentiu dor, mas o pai ensinou que homens não choram.”