Comandada pela Universidade de Adelaide, essa pesquisa demonstra uma variação de linhagens na antiguidade andina, além de provar migrações antes desconhecidas. Confira!
Uma nova pesquisa no campo genético da vasta gama de civilizações que ocuparam os Andes originais revelou importantes distinções genômicas entre comunidades próximas, além de linhagens genéticas que sobreviveram milhares de anos. A revelação, feita pela Universidade de Adelaide, Austrália, partiu da leitura do DNA de 89 corpos antigos, datados entre 500 e 9.000 anos atrás, com cruzamento de dados das populações atuais.
Para o professor Bastien Llamas, que integra o Centro Australiano de DNA da instituição, descoberta pode elucidar questões ainda não respondidas sobre essas civilizações. "Sabemos por pesquisas arqueológicas que a região central dos Andes é extremamente rica em patrimônio cultural, mas até agora a composição genômica da região antes da chegada dos europeus nunca foi estudada", contou ele ao Heritage Daily.
“Enquanto os registros arqueológicos desempenham um papel importante na conexão de culturas, o estudo do DNA antigo pode fornecer uma imagem mais refinada. Por exemplo, informações arqueológicas podem nos dizer sobre duas ou três culturas na região e, eventualmente, quem esteve lá primeiro, mas o DNA antigo pode informar sobre conexões biológicas reais subjacentes à expansão de práticas culturais, idiomas ou tecnologias".
Segundo as linhas genéticas mapeadas, as diferenças essenciais entre as comunidades litorâneas e a do planalto andino são marcantes desde 9.000 anos atrás, enquanto distinções internas do altiplano são mais recentes (há 5.800 anos). Esses dados mostram certo deslocamento de comunidades das Terras Altas a outras regiões, num movimento que desacelerou a partir de 2 mil a.C.
Para Llamas, isso “sugere que esses impérios implementaram um domínio cultural sem mover exércitos”. A desaceleração das migrações citada parece ter exceções: Tiwanaku e os incas. “Foi interessante descobrir sinais de mobilidade de longo alcance durante o período inca. [...] descobrimos relações genéticas estreitas entre indivíduos nas extremidades do império”.Dados só foram possíveis a partir da cooperação entre instituições dos mais diversos países.