O caso voltou à Justiça através do bisneto do advogado de defesa do jovem
Executado há 91 anos, quando tinha 16 anos, Alexander McClay Williams foi inocentado nos Estados Unidos. Um juiz da Filadélfia declarou a sentença "nolle prosequi", oficialmente retirando todas as acusações contra este jovem negro acusado de homicídio.
Williams foi enviado ao internato para meninos Glen Mills e foi considerado culpado pelo assassinato da enfermeira Vida Robare, 34, que trabalhava no local. O corpo foi encontrado por seu ex-marido Fred Robare, também funcionário da escola. Fred nunca foi considerado suspeito, mesmo a enfermeira ter se separado devido à “extrema crueldade” do homem, o que foi ignorado pelos investigadores.
Williams foi considerado apontado como suspeito. Foi preso e, nos 17 dias seguintes, assinou três confissões diferentes, sendo interrogado cinco vezes sem a presença de um advogado ou familiar. O jovem acabou “confessando” o crime apesar de não ter nenhuma testemunha ou provas que o envolvessem diretamente.
O advogado do menino, William H. Ridley, o primeiro negro a ingressar na Ordem dos Advogados do Condado de Delaware, teve apenas 74 dias para montar uma defesa, sem nenhum recurso financeiro para contratar especialistas ou investigadores. O júri foi composto exclusivamente por brancos e durou menos de 2 dias. Em menos de 4 horas a culpa do rapaz estava estabelecida.
Em 13 de junho, o promotor Jack Stollsteimer disse que a retirada das acusações contra Williams “é um reconhecimento de que as acusações contra ele nunca deveriam ter acontecido”. "Infelizmente, não podemos desfazer o passado. Não podemos reescrever a história para apagar os erros hediondos de nossos antepassados. No entanto, quando, como neste caso, a justiça pode ser feita reconhecendo publicamente nosso erro, devemos aproveitar essa oportunidade", afirmou o promotor.
Em 2017, o caso voltou à Justiça através de Sam Lemon bisneto do advogado que defendeu Williams na época. "Acreditamos que é do interesse da Justiça e da defesa da integridade de nossos tribunais fazer o que estiver ao nosso alcance para remediar esse erro", já que os direitos do jovem "foram irremediavelmente violados"
Susie Wiliam-Carter, irmã de Alexander McClay William, disse ao The Inquirer, via G1, que está feliz que tudo tenha acabado do jeito que deveria desde o começo. "Queríamos que fosse anulado, porque sabíamos que ele era inocente, e agora queremos que o mundo inteiro também saiba", diz Susie, de 92 anos, única parente viva do jovem executado.