Norte-americanos foram responsáveis por mais de 20 mil deportações de haitianos entre janeiro de 2021 e fevereiro de 2022
Segundo um relatório publicado pela Human Rights Watch (HRW), 580 crianças nascidas no Brasil foram deportadas pelos Estados Unidos para o Haiti. O número é baseado em dados coletados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) que faz parte das Nações Unidas.
De acordo com a denúncia, essas crianças são filhos de pais haitianos que deixaram seu país de origem buscando “fugir da violência, da falta de oportunidades econômicas ou das consequências de um terremoto devastador em 2010”, aponta a HRW.
Outro ponto que contribui com essa ‘fuga’ do país caribenho é a turbulência política que perdura por lá. Afinal, conforme relatado pela equipe do site do Aventuras na História em julho de 2021, o então presidente Jovenel Moise foi assassinado a tiros em um ataque em sua residência.
Por conta disso, a Human Right Watch salienta que o primeiro-ministro Claude Joseph, no poder desde então, “não foi eleito, mas sim nomeado”. "O primeiro-ministro governa por decreto, sem mandato constitucional. O Parlamento deixou de funcionar e o sistema de justiça mal pode funcionar num contexto de segurança e colapsos institucionais. A impunidade para os crimes é a norma".
Segundo a ONG, por volta de 2.300 crianças nascidas no exterior foram deportadas pelos EUA entre 19 de setembro de 2021 até 14 de fevereiro de 2022. O início do período corresponde à data em que a OIM começou a coletar os dados de modo mais detalhado, assim, os números totais de deportados são maiores e serão detalhados mais abaixo.
O relatório aponta que a maior parte destas crianças nasceram no Chile (cerca de 1.600), as brasileiras aparecem logo em seguida (580). Há também casos de crianças nascidas em 140 outros países, como Argentina, Venezuela, México e Bahamas.
A maioria morava no Chile ou no Brasil. Eles disseram que deixaram esses países por causa da discriminação, da desaceleração econômica relacionada à covid-19 e da dificuldade, no Chile, de obter documentos legais", diz a HRW.
Entre 1º de janeiro de 2021 e 26 de fevereiro de 2022, 25.765 pessoas foram expulsas ou deportadas para o Haiti, mostram dados coletados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM). Desses, os EUA ‘devolveram’ 79% — 20.309 pessoas — enquanto Bahamas, Cuba, Ilhas Turcas e Caicos, México e outros países deportaram o restante.
Devido a crise vivida no país, muitos haitianos resolveram seguir para os Estados Unidos, seja por transporte terrestre ou até mesmo à pé. Entretanto, com base na política “Título 42”, estabelecida por Donald Trump e mantida por Joe Biden, qualquer migrante pode ser repentinamente expulso do país em virtude da pandemia de Covid-19, incluindo aqueles requerentes de asilo.